Calotes, devoluções de equipamentos, vendas de grandes lotes de bitcoin e falências. A situação de diversas gigantes da mineração parece ser a mesma, sendo uma preocupação para todos.
Explicando como chegamos a tal situação, Guzman Pintos conta à Fortune que suas rivais ignoraram todos os riscos apenas para “valorizar as suas ações”.
Enquanto o Bitcoin subia, tal plano funcionou perfeitamente. A Core Scientific, por exemplo, viu sua receita crescer 3.440% enquanto mais que quadruplicou seu poder de mineração em 2021.
No entanto, o crescimento da maior mineradora pública estava apoiado em empréstimos. Após um ano de queda do Bitcoin, a gigante começou a atrasar pagamentos, citando o risco iminente de falência.
“Ninguém estava esperando”, disse Pintos, co-fundador da Luxor, sobre a queda do Bitcoin. Para piorar a situação, a alta dos custos de energia agravou a crise das mineradoras, com algumas agora pagando um preço três vezes mais caros para manter seus equipamentos ligados.
Equipamentos estão trocando de mãos
A Stronghold, outra gigante do setor, devolveu 26.200 ASICs de mineração em agosto deste ano para pagar dívidas. Outras tantas também estão desovando seus equipamentos com um grande desconto.
A CleanSpark, uma das poucas que não se afundou em empréstimos em prol de sua expansão, está aproveitando o momento. No início deste mês, comprou 3.843 máquinas por 1.500 dólares cada, o grande detalhe é que seu preço estava na casa dos US$ 13.000 há um ano.
Entretanto, vale notar que nem mesmo um desconto de 90% significa facilidade em tais vendas. Afinal, os lucros estão pequenos devido à grande concorrência, isso quando existem.
Ações em queda
Embora os planos de expansão desenfreada mirassem na alta de suas ações, o tiro saiu pela culatra. Dados do Google Finance mostram a grande desvalorização no setor no período de 12 meses.
- Core Scientific: -98,89%
- Terawulf: -97,02%
- Stronghold: -96,82%
- Bit Mining: -96,49%
- Argo Blockchain (EUA): -94,80%
- Mawson Infrastructure Group Inc: -94,76%
- Northern Data: -93,08%
- Bitfarms (EUA): -91,22%
- Iris Energy: -90,78%
- Bit Digital: -90,12%
- Hut 8 (EUA): -88,04%
- Hut 8 (Canadá): -87,37%
- Marathon Digital: -86,97%
- Hive Blockchain (EUA): -86,96%
- Digihost: -86,67%
- Cipher Mining: -86,34%
- Hive Blockchain (Canadá): -86%
- CleanSpark: -84,25%
- Riot Blockchain: -83,51%
Agora, tudo indica que aquelas que se apoiaram em empréstimos caminham para as ruínas. Ou seja, podemos estar prestes a presenciar mudanças na dominância do setor conforme o bear market do Bitcoin continua.
Por fim, credores institucionais também podem ter aprendido uma lição, fechando a torneira para empresas do setor. O mesmo vale para contratos de publicidade após a falência da FTX. Em outras palavras, a imagem das criptomoedas está péssima.