
A chefe da PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge (centro), ressaltou o compromisso da Polícia Civil com a proteção de sistemas corporativos (Crédito: Riva Moreira / TJMG)
A Operação Veredicto Sombrio deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) apreendeu R$ 973 mil em criptomoedas de investigados por atacar o sistema judiciário brasileiro. Os ataques, que miraram até o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), teria causado grandes danos financeiros.
Deflagrada na quarta-feira (10), a operação apreendeu veículos de luxo, joias, dinheiro em espécie e outros bens dos suspeitos. A ação ocorreu nas cidades de Belo Horizonte, Sete Lagoas (região Central) e Jacutinga (Sul do Estado).
“Como parte da ação, também foi determinado o bloqueio de aproximadamente R$ 40 milhões, incluindo cerca de US$ 180 mil em criptoativos“, disse o resultado da ação com cooperação de várias autoridades mineiras e nacionais. As autoridades não informaram onde o valor em criptomoedas estava custodiado, se em carteiras apreendidas na operação ou corretoras.
De acordo com as investigações, o grupo utilizava de forma ilegal credenciais pertencentes a magistrados e servidores do TJMG para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Assim, invadiam o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), o Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud) e o Registro Nacional de Veículos Automotores Judicial (Renajud).
O grupo criminoso também agia em diversas frentes, aplicando golpes como o do falso advogado e realizando fraudes que resultaram em grandes prejuízos financeiros para empresas e bancos. A PCMG divulgou em seu perfil do Instagram vídeo da operação e as buscas conduzidas.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta, o juiz auxiliar da Presidência do TJMG Marcelo Rodrigues Fioravante afirmou que os trabalhos de monitoramento e investigação duraram aproximadamente seis meses.
“O combate ao crime organizado, hoje, é um dos maiores desafios do Estado brasileiro. Há uma tentativa de recrudescimento da legislação para fazer frente a essas iniciativas. Uma delas, com a que estamos nos deparando hoje, é uma das mais ousadas: acesso e alteração de sistemas judiciais.”
Ele destacou ainda que toda a fraude realizada pela organização criminosa foi identificada, assim como as principais pessoas envolvidas.
“Nós estamos, agora, finalizando a 1ª fase dessa investigação, necessária para estancar a atuação da organização. A partir das apurações da dimensão desse trabalho criminoso, as investigações podem avançar.”
Ainda segundo o juiz Marcelo Rodrigues Fioravante, a operação “Veredicto Sombrio” também tem relação com a prisão de um hacker suspeito de envolvimento em ameaças ao influenciador digital Felca. O preso trabalhava com vendas de credenciais de acesso a sistemas judiciais de magistrados e servidores de vários tribunais do País, incluindo a Corte mineira.
“Algumas dessas credenciais eram de magistrados e servidores do TJMG e estariam sendo utilizadas por essa organização para tentar fraudar nossos sistemas. Uma dessas frentes fez com que o nosso serviço de inteligência identificasse ações dessa organização, também, a partir da prisão do hacker relacionado às ameaças ao influenciador Felca.”
A operação segue apurando os materiais coletados para identificar o modo de operação dos criminosos. Com informações do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Comentários