O MP, após investigações conduzidas pelo Gaeco no Rio Grande do Sul, deflagrou na manhã desta quinta (25) a Operação Criptoshow. Buscando reaver R$ 35 milhões levados por uma organização criminosa da Gerdau, grande empresa brasileira do ramo de produção de aços, o MP cumpriu mandados.
Na operação desta manhã, 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelos agentes do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Todos os mandados foram cumpridos na região metropolitana de Porto Alegre, capital do estado.
O Ministério Público chegou a realizar a operação na casa de um jogador de futebol, que já atuou até pelos clubes Grêmio, Internacional e Manchester United. O jogador teria sido um dos despertados, logo cedo, pelos agentes da lei em sua casa, de acordo com um repórter local.
Operação Criptoshow cumpre mandados em Porto Alegre, Promotor, Gaeco, Nimp e Brigada Militar participaram das investigações
Um sofisticado golpe usando o aplicativo do banco Santander teria levado um prejuízo milionário para a Gerdau. A empresa, famosa produtora de aço no Brasil, teria visto R$ 30 milhões serem levados de suas contas bancárias por meio do internet banking do Santander.
Os bandidos (hackers), realizaram transferências milionárias das contas da Gerdau para outras empresas. Após isso, o dinheiro teria sido transferido para corretoras de Bitcoin, uma vez que os hackers buscavam ocultar o capital roubado.
De fato, o caso teria acontecido ainda em abril, quando nos dias 15 e 16 foram feitas 11 transações a partir do Santander. As empresas de fachada que receberem o dinheiro seriam de vários estados, inclusive São Paulo e Rondônia. Ao acionar o Santander, a Gerdau passou o problema para o banco, que assumiu a responsabilidade de reaver o prejuízo.
As investigações foram feitas pelo Promotor de Justiça Flávio Duarte, em parceria com o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e com apoio do Núcleo de Inteligência do MP (Nimp) e da Brigada Militar, resultando na chamada Operação Criptoshow. O alvo inicial foi a empresa que realizou as transferências, com sede em Cachoeirinha (RS).
Usando uma conta bancária corporativa pelo internet banking do Santander, empresa fez transferência em nome da Gerdau
A fraude realizada pelos hackers usou um sofisticado movimento no aplicativo do banco Santander. Ao ingressar com login e senha da empresa com sede em Cachoeirinha (nome não divulgado), foi possível realizar transações a partir das contas da Gerdau. O promotor Flávio Duarte afirmou que o ataque foi sofisticado.
Seria como se uma conta bancária corporativa tivesse invadido outra conta similar para emitir ordem de débito ao banco em favor de terceiros
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), afirmou que se trata certamente de uma organização criminosa. Além disso, indica que houve um furto qualificado, ao usar grande número de pessoas e empresas ao cometer o crime milionário.
Pelo menos R$ 18 milhões teriam sido convertidos em Bitcoin
Após realizar as transferências para contas das empresas de fachada, os bandidos buscaram lavar o dinheiro. As investigações do MP apontam que a própria transferência para empresas terceiras já configura em crimes de lavagem de dinheiro. Além disso, outras pessoas físicas e jurídicas teriam recebido dinheiro advindo deste furto digital, e as investigações continuam.
Ao mesmo tempo, o Santander buscava apurar o caso, uma vez que teve de assumir o prejuízo da Gerdau. Com isso, encontrou uma transferência de R$ 11 milhões, feita para uma corretora de Bitcoin no Brasil.
Um dia antes dessa pista, o Santander detectou que outros R$ 7 milhões já haviam sido convertidos em Bitcoin. Dessa forma, contas das pessoas envolvidas, como corretoras e p2ps que intermediaram negócios com a possível quadrilha, teriam sido bloqueadas pelo Santander.
Famoso jogador, investigado pelo Gaeco, foi alvo das buscas de Operação Criptoshow
Ao investigar o caso, a quadrilha foi detectada lavando dinheiro com mais R$ 5 milhões em Bitcoin. Este furto, também realizado da mesma maneira e no dia 16 de abril, levou valores de uma empresa correntista da bolsa de valores.
Ao cumprir mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta, o MP apreendeu vários materiais em vários locais. Um dos investigados na Operação Criptoshow, deflagrada pelo MPRS e que envolveu investigações feitas pelo Gaeco, Nimp, Brigada Militar e promotoria de justiça, foi o ex-jogador Anderson Luís de Abreu Oliveira.
Mais conhecido como Andershow, com passagens por grandes clubes pela carreira, o ex-volante acordou mais cedo. Não está claro se o nome da Operação, “Criptoshow“, teve relação com o apelido do jogador, que se aposentou em 2019 dos campos. A informação das buscas na casa do jogador foi compartilhada pelo repórter da Rádio Guaíba, Cristiano Silva, em seu Twitter.
Confira na íntegra a explicação dada pelo MPRS sobre a Operação Criptoshow no vídeo abaixo: