A Polícia Federal em São Paulo, em ação conjunta com a Receita Federal do Brasil, deflagrou a Operação iFraud, para investigar a importação ilegal de smartphones e até possíveis movimentações com criptomoedas em uma possível lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Um dos principais alvos da operação é um influencer que reúne 650 mil seguidores no Instagram e 250 mil seguidores no YouTube, que se apresenta aos alunos como um “ex-faxineiro que virou multimilionário”.
Um de seus cursos é o Universidade da Importação. Com vários treinamentos disponíveis na Hotmart ele alega ter mais de 14 mil alunos.
Ao todo, a PF com a RFB cumpre oito mandados de busca e apreensão para apuração do caso. Além disso, as autoridades apuram o possível dano de mais de 50 milhões de reais aos cofres públicos brasileiros.
De acordo com apuração do Livecoins, a operação ocorre nas cidades de São Paulo, Itu, Arujá, Guarulhos e Barueri (SP), além de Maceió (AL).
Polícia e Receita Federal deflagram operação que mira influencer suspeito de incentivar importação ilegal
Com o objetivo de combater a importação e o comércio fraudulento de aparelhos smartphones, a Operação iFraud contou com a participação de 60 agentes, entre membros da PF e da RFB.
A investigação teve início a partir de comunicação feita pela Receita Federal, que identificou um influenciador digital, com mais de 600 mil seguidores, que ensinava as pessoas a importar produtos dos Estados Unidos. O método ensinado pelo influenciador, via on-line, pregava o não pagamento, total ou parcial, dos tributos devidos na importação.
De acordo com a Veja, o influencer é o Mayke Garbo, que se apresenta como ex-faxineiro que chegou ao suposto sucesso com suas atividades.
Além disso, a Receita Federal sensibilizará seus sistemas de gerenciamento de risco com os dados de beneficiários das fraudes para instaurar procedimentos de fiscalização, contudo, ainda não está claro se os alunos do influencer também são alvos da Operação iFraud, uma vez que a Receita Federal apura importações ilegais.
O Livecoins não conseguiu contatar o influencer, mas o espaço segue em aberto para manifestações.
Investigação apura movimentação de milhões em empresa e possível organização criminosa
Conforma nota pública da Polícia Federal nesta terça-feira (1), o influenciador, além de ensinar como cometer crimes de fraude na importação, fornecia smartphones importados de maneira fraudulenta diretamente para clientes interessados.
Para realizar essas atividades, ele mantinha uma rede de cúmplices, que se responsabilizavam pela importação ilícita e distribuição dos aparelhos. O grupo criminoso também oferecia outra alternativa: o cliente comprava o produto nos Estados Unidos, e o grupo providenciava a remessa ao Brasil com nota fiscal, mas sem o pagamento da taxa alfandegária. Outra opção era a retirar o produto no Paraguai.
A Receita Federal conseguiu interceptar duas remessas internas desses celulares, e, em ambos os casos, não foram apresentados documentos que comprovassem a origem lícita dos aparelhos.
A empresa identificada como distribuidora desses produtos irregulares teve, em 2023, uma movimentação financeira a crédito de R$ 45 milhões e adquiriu R$ 1,8 milhão em criptoativo Tether (USDT). Nos primeiros 100 dias de 2024, essa empresa já havia comercializado mais de 3 mil smartphones, totalizando um valor superior a R$ 14 milhões, sem qualquer nota fiscal de entrada dessa mercadoria.
A investigação ainda apurou que com os lucros auferidos das atividades ilícitas, o influenciador passou a ostentar em suas redes sociais uma vida com carros e mansões de luxo. Ao mesmo tempo, boa parte dos alunos e clientes tiveram suas encomendas apreendidas pela Receita Federal e inundaram os portais de defesa do consumidor com reclamações.