Como o preço do Bitcoin disparou nos últimos meses, a moeda digital é a única a registrar alta em relação à inflação no país.
Isso porque, a prévia da inflação IPCA-15 para o mês de setembro, que encerrou o terceiro trimestre de 2021, é de 1,14%. Em agosto, a inflação no Brasil já havia subido 0,89%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE, o órgão oficial a medir o indicador.
No próximo dia 8 de outubro, o IBGE deverá divulgar a inflação oficial, mas de qualquer forma as expectativas não são nada animadoras, já que o poder de compra da moeda brasileira segue perdendo cada vez mais força.
Essa realidade, vale o destaque, já é reconhecida até pelo Banco Central do Brasil, que ao divulgar dados da inflação nos últimos dias que não esperava a persistência dessa alta. O IPCA é o índice oficial do governo, mas ele pode não estar refletindo corretamente a visão real do problema.
Preço do Bitcoin dispara e deixa a inflação para trás
Com a inflação medida pelo IPCA-15 em 1,14% em setembro de 2021, este valor foi o maior para o mês desde fevereiro de 2016 (1,42%), sendo ainda o maior registro para o mês desde 1994.
Dessa forma, fica claro que pelos índices oficiais medidos pelo governo, o poder de compra da cesta básica brasileira segue entrando em colapso, com salários e ganhos da população não acompanhando esse movimento.
No acumulado do ano de 2021, a inflação já subiu 7,02%, com alta de 10,05% nos últimos 12 meses. Assim, o Bitcoin registrou uma alta de 52% em relação ao Real brasileiro, que quando descontado a inflação registra uma alta de 38% nos últimos 12 meses.
A moeda digital acaba sendo a única forma de proteção de patrimônio e reserva de valor no país, que viu uma rentabilidade do ouro em -12,59% nos últimos 12 meses. Já o Euro comercial perdeu o poder de 10,08% de compra no Brasil, mesmo com uma grande alta.
Referência da renda variável no Brasil, o índice Ibovespa dá um retorno de -15,27% nos últimos 12 meses com a inflação do período. Apesar de algumas ações seguirem com boa performance, nem todos os investidores podem ter conseguido acompanhar elas.
Na renda fixa brasileira, a poupança nova registrou uma queda de -7,56%, enquanto o CDI opera em baixa de 6,84%, considerando seus ganhos descontados a inflação nos últimos 12 meses.
Inflação é muito pior do que os governos divulgam, disse bilionário que está mega investido em Bitcoin
Vale o destaque que a inflação é uma medida que é divulgada por órgãos do governo de acordo com análise em uma cesta de produtos. E além do Brasil, muitos países estão com a inflação operando com forte pressão, indicando que o cenário internacional também segue ruim, com o Brasil não sendo o único pressionado.
Para controlar a inflação, os bancos centrais costumam intervir na taxa de juros da economia, que não segura a inflação em muitos países, segundo o Fundador e CEO da Compound Capital Advisors, Charlie Bilelo.
Ele divulgou uma lista de alguns países e suas “Taxas reais do Banco Central (taxa menos inflação”. Na relação de Charlie, a Argentina seria o pior país, seguido pela Polônia e os Estados Unidos. Já os “melhores” são Índia, Suíça e Suécia.
Ao ver o comentário de Charlie, Michael Saylor, CEO da MicroStrategy e que detém mais de 100 mil Bitcoins em sua posse, lembrou que a inflação é muito maior do que os governos divulgam. Dessa forma, o cenário inflacionário pode ser muito pior, oferecendo rendimentos negativos reais mais abaixo que o governo divulga.
“As taxas de inflação acima são indicadores nominais do CPI emitidos pelo governo. A inflação monetária real medida pela valorização do preço dos ativos é muito mais alta em todas as jurisdições. Portanto, os rendimentos reais negativos são muito piores do que os números acima sugerem para os investidores.”
The inflation rates above are nominal government issued CPI metrics. Actual monetary inflation as measured by asset price appreciation is much higher in all jurisdictions. Therefore the negative real yields are much worse than the numbers above suggest for investors.
— Michael Saylor⚡️ (@saylor) October 1, 2021