Problema no BTG Pactual trava saque de Bitcoin e faz saldo de clientes desaparecer

Clientes alegam que saldo em Bitcoin não aparece no aplicativo desde o último domingo (17), enquanto em outras criptomoedas está normal. Segundo fontes ouvidas, não se trata de um ataque hacker. Matéria corrigida após informação que não houve problemas na Mynt, apenas na plataforma de investimento do BTG.

Vários clientes da corretora de bitcoin do banco BTG Pactual, não conseguem visualizar o saldo de bitcoin em suas contas. O problema começou no último domingo (17), enquanto vários investidores começaram a notar a falta das suas moedas.

Conforme apurado pelo Livecoins, a maioria das reclamações envolve o sumiço apenas de bitcoin. Ou seja, o saldo de outras criptomoedas, as altcoins, seguem ativas no aplicativo.

De qualquer forma, o caso chamou atenção dos clientes, alguns alegando que tinham grande parte dos fundos custodiados na plataforma. Desde 2021, quando anunciou seus planos no mercado, o maior banco de investimentos da América Latina se tornou o primeiro do Brasil a criar uma corretora de criptomoedas.

“Sumiram meus bitcoins”, dizem clientes do BTG Pactual no Reclame Aqui

Enquanto o bitcoin opera em novas máximas, o BTG Pactual no Brasil enfrenta um problema com seus clientes: o sumiço do saldo na conta de vários investidores. Conforme apurado pela reportagem, pelo menos 14 clientes da plataforma de investimento do BTG já reclamaram publicamente sobre o caso.

Clientes do BTG Pactual correm ao Reclame Aqui para questionar sobre seus saldos de bitcoin que desapareceram no aplicativo
Clientes do BTG Pactual correm ao Reclame Aqui para questionar sobre seus saldos de bitcoin que desapareceram no aplicativo. Reprodução.

Um dos investidores que recorreu ao Reclame Aqui, por exemplo, disse que “sumiram quase R$60 mil em bitcoin“. Em tom desesperado e questionando o banco sobre o valor, ele disse que já reclamou pelo menos três vezes do BTG Pactual pela diferença do seu valor com o mostrado no aplicativo.

Outro relato de investidor indica que ele buscou o suporte no final do último domingo em desespero, e recebeu a informação de um erro no sistema.

Passadas dez horas, ele percebeu que a correção ainda não veio e, nesta segunda, o suporte lhe pediu 48 horas para normalizar o caso. O que chama atenção para este caso envolve o relato do cliente que investe em altcoins, além do bitcoin, mas seus saldos em outras criptomoedas estão normais, segundo ele.

Reportagem entrou em contato com banco para entender o caso

Como é comum em casos de saldos não exibidos em plataformas de criptomoedas, os clientes entram em desespero ao suspeitar de ataques hackers ou outros problemas comuns neste ambiente.

Corretoras centralizadas, desde o caso MTGOX, são notavelmente apontadas como pontos de falha na segurança de custódia de uma moeda descentralizada.

De qualquer forma, conforme fontes ouvidas, o caso do banco BTG Pactual não tem relação com nenhum ataque hacker contra sistemas da corretora. Além disso, informaram que a situação já estava sob apuração da equipe técnica, que informou que os saldos já voltaram ao normal na tarde desta segunda-feira (18).

“O BTG Pactual informa que a plataforma de Investimentos passou por uma pequena instabilidade na manhã desta segunda-feira (18/11) e a visualização do saldo de criptoativos de algumas contas ficou incorreta. Os serviços foram restabelecidos por volta do meio-dia.”

Advogado diz que caso pode incidir no Código de Defesa do Consumidor

Em nota encaminhada ao Livecoins, o advogado Pedro Torres informou que o caso, se confirmado um problema de fato, pode incidir no Código de Defesa do Consumidor.

“O desaparecimento dos saldos em Bitcoin dos usuários do BTG Pactual expõe uma grave falha na prestação do serviço do banco, incidindo, ao caso, diretamente a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.”, disse.

Segundo o advogado, nesse contexto, reconhece-se a responsabilização objetiva da instituição financeira pelos danos causados, inclusive em situações de fortuito interno, como fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de suas operações, conforme estabelece a Súmula 479 do STJ.

“Ademais, pela teoria do risco do empreendimento, o banco, ao atuar no fornecimento de bens e serviços – notadamente na venda de Bitcoin -, assume o dever de responder objetivamente pelos fatos e vícios decorrentes dessa atividade, independentemente de culpa, nos termos do artigo 927, parágrafo único, do Código Civil.

Esse caso reforça a importância de um princípio fundamental para quem lida com ativos digitais: “Not your keys, not your coins.” Essa frase, popularizada por Andreas Antonopoulos, um dos maiores educadores em Bitcoin, resume um dos pilares da segurança em criptomoedas: você só tem controle verdadeiro e total sobre seus ativos digitais quando possui as chaves privadas correspondentes.

Quando os ativos estão sob custódia de terceiros, como exchanges ou instituições financeiras, você depende da segurança e da integridade dessas entidades. Em situações de falhas, fraudes ou mesmo problemas operacionais, o acesso aos seus ativos pode ser comprometido, obrigando que o usuário acione a instituição financeira judicialmente caso ocorra qualquer contratempo.”

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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