O Nakamoto Project, um conselho de comunicação sem fins lucrativos, conduziu uma pesquisa que indicou uma tendência um tanto quanto polêmica: quem tem Bitcoin nos Estados Unidos tende a ser libertário, e não de direita ou esquerda, tanto em políticas econômicas, quanto em sociais.
O objetivo do estudo era identificar os principais fatores que influenciam a adoção e a propriedade do bitcoin especificamente nos Estados Unidos.
Realizado em parceria com a Qualtrics, o estudo teve como base uma amostra representativa nos EUA de 3.538 adultos, sendo 53% mulheres. A análise focou em dados demográficos padrão e “fundamentos morais”, bem como sentimentos relacionados ao bitcoin.
Após liberar o resultado do estudo ao público, o Nakamoto Project indicou que continuará atualizando os dados a cada três meses.
“Propriedade do bitcoin é apolítica”, diz Nakamoto Project
“Bitcoin é um nome familiar, mas sabemos muito pouco sobre Bitcoiners”, é assim que começa o estudo, que buscou conhecer melhor o perfil de quem tem a moeda digital e quais os seus pensamentos sobre outros assuntos.
Para avaliar os dados, o estudo partiu da hipótese de que os donos de Bitcoin eram libertários ou conservadores. Contudo, os resultados mostraram que não, visto que existem pessoas ligadas ao bitcoin de todos os espectros políticos nos EUA, desde esquerda até a direita.
Além disso, os bitcoiners tendem a ser moderados, mostram os dados, indicando que ter bitcoin não coloca uma pessoa necessariamente em uma orientação política.
“A propriedade do Bitcoin não é política. Como a retórica política em torno do Bitcoin é totalmente polarizada, esperávamos ver polarização nos dados. Nossa hipótese é que a propriedade de Bitcoin seria mais comum entre conservadores e libertários. Em vez disso, descobrimos que a propriedade do Bitcoin não está significativamente relacionada à orientação política. Como os americanos em geral, os Bitcoiners americanos podem ser encontrados em todo o espectro político – mas tendem a ser moderados“, diz estudo.
Em um mundo cada vez mais polarizado entre “esquerda” e “direita”, os dados revelam haver espaço para todos no bitcoin, pelo menos nos EUA.
Um dos gráficos, por exemplo, mostra bem que quem tem bitcoin (barra laranja) pensa de forma similar na política a quem não tem a moeda digital (barra cinza).
Estudo indica que libertários estão fortemente correlacionados com bitcoin
Após fortes críticas ao Bitcoin vindo mais da esquerda política e a defesa da moeda digital vindo mais da direita, o estudo indicou que não há uma relação direta destes grupos com a moeda digital.
No entanto, quem se assume como libertário, um grupo pequeno de apenas 3% dos participantes da pesquisa, tende a ter bitcoin.
“Descobrimos apenas um fator correlacionado com a posse de Bitcoin na esfera política: identificar-se como libertário estava moderadamente correlacionado com a posse de Bitcoin. No entanto, como o número absoluto de libertários na população em geral é muito baixo, apenas 3% dos proprietários de Bitcoin são libertários, enquanto 97% não são. Em resumo, o discurso entre políticos, elites da mídia e usuários de redes sociais que politiza a posse de Bitcoin é altamente enganoso“, diz o estudo.
Os dados ainda indicam que quem conhece, acredita na utilidade, confia no protocolo e na moralidade do Bitcoin, tende a possuir a moeda. Estes são pontos altamente correlacionados com o bitcoin, e dá uma visão de quem são os bitcoiners dos Estados Unidos.
Na conclusão, o estudo indica que os bitcoiners não são de tribos políticas, mas pessoas que estudam a tecnologia.
“O que se correlaciona mais fortemente com a propriedade do Bitcoin não é quem você é, por assim dizer, mas o quanto você sabe sobre o Bitcoin e se você o considera útil, confiável e bom. Acontece que os 14% dos americanos que possuem Bitcoin não são membros de nenhuma tribo política específica. Em vez disso, são simplesmente americanos que dedicaram tempo ao estudo da tecnologia e formaram atitudes positivas em relação a ela.”
Assinaram o estudo como autores Andrew Perkins, que é Professor de Marketing e Negócios Internacionais da Washington State University, e Troy Cross, Professor de Filosofia e Humanidades da Reed College.