Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, não acredita que as criptomoedas ofereçam uma ameaça ao dólar como moeda de reserva. No entanto, aponta que elas podem repetir a trajetória do ouro nas décadas de 30 e 70.
O bilionário explica que grandes impressões de dinheiro pelo governo fazem com que a população busque por moedas fortes, ou seja, ativos escassos como ouro e Bitcoin.
Ainda neste ano, Dalio recomendou uma alocação de 15% em ouro ou Bitcoin, mas disse preferir o metal.
Ray Dalio volta a falar sobre criptomoedas
Hoje Ray Dalio é um dos investidores mais famosos do mundo pelo sucesso da Bridgewater Associates. Além disso, também é lembrado pelos livros ‘Princípios: Vida e Trabalho’ e ‘Por que as nações prosperam e fracassam’.
Em tuíte publicado nesta terça-feira (2), o bilionário revelou uma série de perguntas e respostas que teve com o Financial Times, criticando o jornal britânico por desfigurar suas falas.
O destaque fica para seus comentários sobre as criptomoedas.
Questionado sobre se a desregulamentação desse setor seria um risco para o dólar, Dalio disse que não, mas apontou que o crescimento das dívidas de governos é o motivo pelo qual elas estão valorizando.
“Vejo as situações de dívidas ruins do dólar e de outros governos emissores de moedas de reserva como uma ameaça ao seu apelo como moedas de reserva e reservas de valor, o que vem contribuindo para a alta nos preços do ouro e das criptomoedas”, comentou Dalio.
O ouro é negociado a US$ 3.560 nesta quarta-feira (3), seu maior preço da história, acumulando ganhos de 35,5% em 2025. Já o Bitcoin registrou uma nova máxima contra o dólar há duas semanas.
Respondendo a outra pergunta semelhante, o bilionário aponta que as criptomoedas poderiam repetir a trajetória do ouro nas décadas de 30 e 70. Embora não tenha citado o Bitcoin diretamente, suas falas parecem ser sobre a maior criptomoeda do mercado em específico.
“As criptomoedas são hoje uma moeda alternativa com oferta limitada, então, mantidas as demais condições, se a oferta de dólares aumentar e/ou a demanda por eles cair, isso provavelmente tornaria as criptomoedas uma moeda alternativa atraente”, escreveu Dalio. “Acredito que a maioria das moedas fiduciárias, especialmente aquelas com grandes dívidas, terão problemas para serem reservas de valor eficazes e cairão em valor em relação às moedas fortes.”
“Foi isso que aconteceu no período de 1930 a 1940 e no período de 1970 a 1980.”

A entrevista completa, onde Dalio também se aprofunda nos temas de inflação, dívida e outras questões macro, pode ser lida na íntegra no X.
O que aconteceu nas décadas de 30 e 70?
Ray Dalio acredita que problemas futuros já aconteceram no passado e, por isso, as respostas são claras.
Como exemplo, o bilionário cita a década de 30, época em que os EUA e outros países imprimiram muito dinheiro para sustentar a economia após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 e o início da Grande Depressão.
Na data, o preço do ouro saltou de 20 para 35 dólares justamente pela demanda da população por ativos escassos para se proteger da inflação.
Já na década de 70 o dólar deixou de ser lastreado em ouro e a inflação disparou novamente. A demanda pelo metal voltou e o preço do ouro saiu de US$ 35 para mais de US$ 850 em 1980, uma valorização de 2.200%.

Como observado no gráfico acima, o ouro disparou nos últimos dois anos devido à desconfiança do mercado sobre o dólar.
Dado que o Bitcoin é considerado um ouro digital por suas características monetárias, a criptomoeda também vêm atraindo investidores ao redor do mundo que buscam proteger seu capital.
Caso governos continuem desvalorizando suas moedas, a expectativa é que esses ativos escassos continuem subindo.