O Banco Central do Brasil revelou mais detalhes sobre o real digital nesta quarta-feira (9), em um vídeo publicado no canal do YouTube da autarquia. A conversa aconteceu com um dos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto de moeda digital brasileira.
As diretrizes para a criação do chamado real digital foram publicadas pelo BCB nos últimos dias, agora ficou claro que a inovação, chamada também de CBDC, segue em análise para os próximos anos.
Fábio Araújo, coordenador do projeto que ainda está em fase de estudos pelo Bacen, tirou algumas dúvidas sobre o real digital em um programa especial do BCB.
De acordo com ele, o real digital chegará para substituir a moeda em espécie. A intenção dos bancos centrais é ter uma divisa fiduciária que representa o numerário físico, trazendo as mesmas prerrogativas que uma moeda soberana tem.
O Banco Central do Brasil continuará sendo o responsável pela emissão dessa moeda, que depois será encaminhada a custódia de instituições de pagamentos. Fábio explicou que a moeda tem como diretriz a interoperabilidade.
Questionado se o real digital não é um Bitcoin, Fábio negou a semelhança entre as tecnologias. Para o especialista, o Bitcoin não é um bom meio de pagamento.
“Tem diferenças fundamentais, as pessoas têm muita dificuldade de efetuar pagamentos com o Bitcoin. Se tem uma flutuação de preço muito grande, então tem um risco no meio da operação. Vamos supor que você vai comprar alguma coisa com Bitcoin que custa R$ 1 mil, quando começou a operação.
Dada a flutuação que o ativo tem no mercado, quando você terminar a operação pode ser que você tenha transferido R$ 1.100,00 por aquele bem. Por outro lado, para o vendedor, pode ser que quando terminar a operação, pode ser que só valha R$ 900,00.”, citou Fábio.
Moeda emitida pelo estado é mais confiável, diz analista de moedas digitais do Bacen
O analista disse que o real digital, garantido pelo Banco Central, é melhor para transações que o Bitcoin e “mais confiável”.
Fábio destacou que práticas de segurança digital e privacidade estão sendo implementadas na moeda nacional.
Os objetivos da implantação da nova tecnologia pelo Bacen será diminuir o custo da emissão de moedas físicas e a possibilidade de acesso a novas tecnologias, como contratos inteligentes, internet das coisas e dinheiro programável.
Além disso, há a possibilidade de a nova tecnologia ser melhor para remessas, que poderão ser feitas com baixo custo e tempo, cenário já comum entre criptomoedas como o Bitcoin.
Questionado sobre a disponibilidade da tecnologia para os brasileiros, Fábio Araújo afirmou que o BCB tem uma agenda de inovação, que tinha como prioridade o PIX e o Open Banking.
Com essas tecnologias passando por um processo de maduração, o real digital será a próxima etapa, chegando em um prazo de até três anos, afirmou o coordenador do Real digital.