A Receita Federal revelou que desenvolveu uma nova plataforma para combater fraudes tributárias envolvendo criptomoedas. De acordo com a RFB, a ferramenta usa inteligência artificial e análise de redes complexas para processar grandes volumes de dados fiscais, aumentando a capacidade de identificar sonegadores.
No comunicado, a autarquia apresentou detalhes sobre sua nova tecnologia e disse que a ferramenta já está em uso e vem sendo compartilhada em fóruns internacionais.
A Receita informou ainda que com o uso da tecnologia, foram identificados diversos esquemas de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo criptomoedas.
Um dos casos investigados aponta para um esquema que movimentou cerca de R$ 700 milhões por meio de empresas de fachada para a compra de criptomoedas, enquanto outro revelou operações ilegais envolvendo mais de R$ 350 milhões, com vínculos ao tráfico de drogas e armas.
Esses esquemas estão sob investigação da Receita Federal, em parceria com outros órgãos de controle e fiscalização, diz a RFB.
Receita usa inteligencia artificial para detectar sonegação com criptomoedas
A Receita divulgou um vídeo onde mostra capturas de tela de sua nova plataforma. Com pouco mais de um minuto, o vídeo revela vários tipos de relatórios, incluindo mapas de volume, detalhamento de transações e localização das transações.
Em determinado momento é possível ver que a RFB também desenvolveu o que parece ser uma enorme rede de clusters (imagem abaixo), onde os nós (pontos) representam entidades, como empresas, pessoas ou transações, e as conexões entre esses nós representam relacionamentos ou interações, como vínculos financeiros, comerciais ou de comunicação.
Sendo assim, é possível que a Receita já esteja criando um histórico de transações dos usuários e monitorando o destino das criptomoedas de cada transação.
Em outras palavras: se você estiver sonegando impostos com criptomoedas, é melhor ficar esperto.
De acordo com a Receita, a tecnologia facilita a visualização de padrões suspeitos em redes de empresas e grupos econômicos, permitindo que auditores-fiscais identifiquem fraudes de maneira mais ágil e precisa.
“Com o módulo de cripto, auditores-fiscais têm identificado visualmente empresas noteiras (criadas basicamente para emitir documentos fiscais, sem comercializar mercadorias ou sem prestar serviços, com objetivo de sonegação tributária ou compensação indevida de tributos) e as beneficiárias operacionais, analisando o fluxo dos diferentes tipos de moedas virtuais.”, diz a Receita.
Além do uso interno, a Receita Federal está apresentado a tecnologia em fóruns internacionais, demonstrando a capacidade do Brasil em processar e analisar grandes volumes de dados fiscais.
A plataforma tem despertado o interesse de administrações tributárias estrangeiras, promovendo cooperação internacional no combate a crimes fiscais complexos.
Por fim, com a ferramenta, a Receita Federal diz esperar aumentar a eficiência nas investigações e estimular a autorregularização dos contribuintes, evitando a necessidade de litígios e procedimentos fiscais mais demorados.