Fundador da FTX desabafa: “Estou falido e sou uma das pessoas mais odiadas do mundo”

Durante sua prisão domiciliar, SBF, em uma tentativa de limpar seu nome, compartilhou documentos reveladores com Tiffany Fong, uma conhecida influenciadora de criptomoedas.

Sam Bankman-Fried (SBF), fundador da extinta corretora de criptomoedas FTX, fez uma autoavaliação de 15 mil palavras enquanto estava em prisão domiciliar: “Estou falido, uso uma tornozeleira eletrônica e sou uma das pessoas mais odiadas do mundo.”

De acordo com documentos obtidos pelo The New York Times, o fundador da corretora, antes celebrado como visionário do mercado de criptomoedas, escreveu o texto no Twitter (agora X), mas não chegou a publicar.

Enquanto enfrentava a tempestade que se formou ao seu redor, SBF fez uma reflexão sombria sobre sua situação: “Provavelmente nunca haverá nada que eu possa fazer para tornar o impacto da minha vida positivo”. Mesmo assim, ele reiterou sua crença em suas ações, acrescentando: “E a verdade é que fiz o que achei certo”.

Fonte: REUTERS/Dante Carrer

Documentos vazados

Durante sua prisão domiciliar, SBF, em uma tentativa de limpar seu nome, compartilhou documentos reveladores com Tiffany Fong, uma conhecida influenciadora de criptomoedas.

Fong, por sua vez, entregou os documentos ao The New York Times, lançando luz sobre a turbulenta situação interna da FTX antes de seu colapso.

Após a acusação por sua responsabilidade pelo colapso da FTX, SBF escreveu centenas de páginas em tentativas, por vezes desconexas, de autojustificação. Os textos contêm desde recordações de sua infância até detalhados cálculos matemáticos.

Dentre os documentos não publicados anteriormente, o que se destaca é um rascunho de postagens do Twitter, no qual ele critica abertamente alguns de seus colegas mais próximos, mesclando argumentos com fotos pessoais e links para clipes musicais de artistas famosos como Alicia Keys e Rihanna.

Sam Bankman-Fried no ensino médio, foto encontrada em um rascunho de um tópico não publicado no Twitter. (Imagem: New York Times)
Sam Bankman-Fried no ensino médio, foto encontrada em um rascunho de um tópico não publicado no Twitter. (Imagem: New York Times)

Culpa da namorada

Nos documentos, uma figura recorrentemente mencionada é Caroline Ellison, ex-namorada de Bankman-Fried e uma vez seu braço direito. SBF atribui grande parte da culpa pelo colapso da FTX a Ellison, alegando que sua inépcia na gestão da Alameda e sua hesitação em implementar estratégias vitais foram cruciais para a queda da corretora.

Além de questionar suas capacidades profissionais, ele se refere a problemas pessoais, entre eles, sugerindo que o término de seu relacionamento possa ter influenciado o destino da empresa.

Outro personagem-chave na trama é Sam Trabucco, co-presidente-executivo da Alameda. Os documentos revelam que Trabucco e Ellison tinham desentendimentos constantes.

Bankman-Fried, embora reconhecendo o talento de Trabucco para gestão de riscos, critica seu comprometimento com a empresa, alegando que ele estava mais focado em aventuras pessoais do que em suas responsabilidades corporativas.

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Em meio a esta confusão de alegações e contra-acusações, três principais conselheiros de Bankman-Fried se declararam culpados de fraude, com alguns concordando em testemunhar contra ele. O próprio SBF, entretanto, permanece firme em sua defesa, negando veementemente qualquer crime.

A FTX, então aclamada como uma das principais maiores corretoras de criptomoedas do mundo, enfrentou seu colapso devastador em novembro do ano passo, levando consigo bilhões de dólares dos clientes e gerando um terremoto na indústria de criptomoedas.

Desde então, SBF passou a viver em prisão domiciliar na casa de seus pais, cercando-se de amigos, colegas e jornalistas, enquanto buscava reverter a narrativa que se formou contra ele.

Em seu desabafo, SBF também levantou suspeitas sobre o escritório de advocacia Sullivan & Cromwell, que supervisiona a falência da FTX. Ele alega que o escritório construiu uma narrativa enviesada de sua suposta má conduta financeira.

No epicentro desta controvérsia, Ellison permanece uma figura central. Quando se declarou culpada, ela afirmou que ela e SBF conspiraram para reforçar as finanças da Alameda com dinheiro de clientes. O CEO da FTX negou tais acusações.

A narrativa apresentada pelos documentos oferece uma visão íntima das complexidades e tensões que cercavam a FTX e a Alameda. Desde relações pessoais problemáticas até disputas corporativas, a história se desenrola como um drama de proporções épicas.

O julgamento de Bankman-Fried está marcado para começar em 3 de outubro. Suas ações e declarações até agora sugerem que ele tentará retratar a situação como um erro não de malícia, mas de julgamento.

Ele afirma que nunca mentiu e que acredita firmemente na verdade.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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