“Se nada mudar, as coisas ficarão feia”, diz investidor de Bitcoin sobre segurança da rede

Tal conversa é antiga e uma das soluções mais polêmicas já apresentadas é a quebra do limite de 21 milhões de unidades. Em postagem feita ainda em 2022, Peter Todd, o “Satoshi da HBO”, sugeriu que o Bitcoin tivesse uma “emissão de cauda” para contornar esse problema.

Duo Nine, fundador da YCC, está preocupado com a segurança do Bitcoin. Em suas palavras, “se nada mudar, as coisas ficarão feias”. Sua postagem já conta com mais de 1,8 milhão de visualizações e muita polêmica nos comentários.

O texto aponta que a ‘segurança do Bitcoin estará comprometida’ no futuro caso as pessoas não usem a rede do Bitcoin e, por consequência, não remunerem os mineradores.

“Conforme o Bitcoin se populariza, as taxas de rede substituirão as recompensas de bloco. Isso ocorrerá gradualmente ao longo de décadas. No entanto, um novo problema está começando a surgir”, escreveu o investidor.

Recompensa por bloco de Bitcoin é reduzida a cada ~4 anos, deixando mineradores cada vez mais dependentes das taxas de rede. Fonte: Duo Nine/Reprodução.
Recompensa por bloco de Bitcoin é reduzida a cada ~4 anos, deixando mineradores cada vez mais dependentes das taxas de rede. Fonte: Duo Nine/Reprodução.

Na sua visão, o grande problema é a migração do BTC para outras redes. Como exemplo, ele cita o wrapped Bitcoin (wBTC) da BitGo, cbBTC da Coinbase, e o kBTC da Kraken.

Em suma, esses projetos congelam os bitcoins na rede do Bitcoin e permitem que usuários usem essas moedas em outras blockchains como Ethereum, Base e outras, que possuem ecossistemas maiores, transações mais rápidas e outras vantagens.

Outro ponto mencionado é a chegada de Wall Street. No total, os ETFs já detém quase 1 milhão de bitcoins em suas carteiras, que deverão ficar parados por anos sem pagar nenhuma taxa aos mineradores.

“O que realmente está acontecendo é que o Bitcoin está trancado em cofres por custodiante e seu valor é transferido para outras chains, abstraído em ETFs ou outras formas”, comenta o investidor.

“Como chamamos isso no mundo cripto? Um ataque de vampiro! Você “suga” liquidez e valor de uma chain ou protocolo e move para outra, junto com seus usuários.”

Segundo os tuítes, esse não é um problema atual, já que o hash rate continua crescendo, mas sim para as próximas décadas, como pode ser visto na primeira imagem.

Brasileiros mostram suas visões

A postagem ganhou tanta tração no Twitter que até mesmo brasileiros escreveram suas opiniões sobre o assunto. Para Fabio Akita, isso poderia corroer a segurança da rede até o ponto em que um ataque se torne barato para algum governo.

“No pior caso, os mineradores param de existir e a rede começa a deteriorar até que o número seja baixo o suficiente pra alguém grande (governo?) conseguir tomar conta da maioria dos nós que sobrarem.”

Respondendo a Akita, Alan Schramm aponta que o ajuste de dificuldade do Bitcoin, feito a cada 2.016 blocos (~14 dias) deve resolver esse problema. Indo além, também aponta que outros dispositivos eletrônicos comuns poderão se tornar mineradores no futuro, contribuindo com a segurança.

“A maior parte dos “problemas” que o Bitcoin pode enfrentar são puramente hipotéticos […] arrisco dizer que os incentivos na mecânica de como funciona a rede Bitcoin beira a quase perfeição.”

Mais que 21 milhões de unidades?

Tal conversa é antiga e uma das soluções mais polêmicas já apresentadas é a quebra do limite de 21 milhões de unidades. Em postagem feita ainda em 2022, Peter Todd, o “Satoshi da HBO”, sugeriu que o Bitcoin tivesse uma “emissão de cauda” para contornar esse problema.

“Até o momento, nenhuma moeda de proof-of-work funcionou exclusivamente com taxas de transação, e análises acadêmicas constataram que, nessa condição, a geração de blocos é instável.”

Como exemplo, ele cita que Monero e Dogecoin possuem uma emissão de cauda, mas que para isso seria necessário um hard fork, algo culturalmente mais aceito na XMR, mas não no Bitcoin.

Ao ver essa postagem, Cobra, dono do Bitcoin.org, afirmou que “prefere que o Bitcoin morra” do que ver isso acontecer.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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