Site que vendia drogas por Bitcoin fecha e ameaça vazar dados dos usuários

Conforme esse é o primeiro caso do tipo, é difícil imaginar o final da história. Afinal, a extorsão pode continuar com um novo pedido de depósito no futuro, já que não há muita honra entre bandidos, como apontou o brasileiro Bitdov.

O Incognito Market, um dos maiores mercados de drogas na darkweb, foi acusado de não estar honrando pedidos de saque de criptomoedas na semana passada. A situação que já era ruim piorou quando um dos administradores começou a extorquir os antigos clientes do site.

Os valores da extorsão ficam entre 100 e 20.000 dólares (R$ 500 a R$ 100.000), dependendo do nível da conta. Dentre as informações supostamente salvas pelo site estão dados de 557.000 ordens de compras e 862.000 transações com criptomoedas.

Já que se trata de um mercado ilegal, é difícil imaginar que algum dos extorquidos procurará a polícia.

Um estudo realizado pela Elliptic, publicado em novembro de 2023, aponta que os usuários do Incognito Market negociavam até fentanil, um opioide geralmente proibido até mesmo nesses sites.

Drogas vendidas por um usuário no Incognito Market. Fonte: Elliptic/Reprodução.
Drogas vendidas por um usuário no Incognito Market. Fonte: Elliptic/Reprodução.

Incognito Market pausa saques e ameaça usuários

Os problemas com o Incognito Market começaram na semana passada. Segundo informações do perfil Dark Web Informer, o site deixou de processar saques de Bitcoin (BTC) e Monero (XMR). Na captura de tela, um usuário relata que não consegue sacar seus 2 bitcoins (R$ 725.000).

“AVISO: Muitos usuários do Incognito Market estão tendo problemas de retirada de BTC e XMR. Atualizarei este tópico se os administradores do Incognito atualizarem ou receberem outra atualização do HugBunter.”

“Há duas horas, eu fiz um saque de BTC e XMR, ambos dizem que foram completados, mas nenhum aparece em minhas carteiras fora do mercado”, aponta a captura de tela, afirmando ter realizado testes com outras contas.

A situação, no entanto, ganhou níveis ainda maiores nesta semana. Ao acessar o site, os usuários do Incognito Market agora se deparam com uma ameaça de extorsão envolvendo os dados de suas transações.

“Esperando ouvir uma palavra final? Temos uma pequena surpresa desagradável.”

“Acumulamos uma lista de mensagens privadas, informações de transações e detalhes de ordens ao longo dos anos”, continua o comunicado. “Vocês ficarão surpresos com o número de pessoas que confiaram em nossa funcionalidade de ‘auto-encriptação’. E, falando nisso, suas mensagens e IDs de transações nunca foram deletadas após a ‘expiração’.”

Texto no Incognito Market ameaçando vazar dados de seus clientes. Fonte: Redes sociais/Reprodução.
Texto no Incognito Market ameaçando vazar dados de seus clientes. Fonte: Redes sociais/Reprodução.

Seguindo, a mensagem afirma que a base de dados contém informações sobre 557.000 ordens de compra, muito provavelmente de produtos ilegais, bem como 862.000 IDs de transações de criptomoedas. A ameaça é que as informações serão entregues à polícia no final do mês de maio.

“Sim, isso é uma extorsão!”, continua o texto. Os valores chegam a R$ 100.000 para usuários de ‘nível 5’, o maior da plataforma.

Na sequência, o Incognito Market até mesmo lista usuários que supostamente já pagaram o montante requerido e quais não tomaram nenhuma atitude. “Você pode ver quais vendedores se preocupam com seus clientes abaixo”, aponta o site.

Incognito Market afirma que alguns usuários já pagaram para ter suas informações excluídas de sua base de dados. Fonte: Redes sociais/Reprodução.
Incognito Market afirma que alguns usuários já pagaram para ter suas informações excluídas de sua base de dados. Fonte: Redes sociais/Reprodução.

Conforme esse é o primeiro caso do tipo, é difícil imaginar o final da história. Afinal, a extorsão pode continuar com um novo pedido de depósito no futuro, já que não há muita honra entre bandidos, como apontou o brasileiro Bitdov.

Até o fechamento desta reportagem, nenhuma agência policial se pronunciou publicamente sobre o assunto. No entanto, por tratar-se de um site grande para seu nicho, é possível que outras investigações já estivessem em andamento.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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