O Superintendente Regional da Polícia Federal (PF) em Rondônia, Agostinho Cascardo Junior, disse que o Bitcoin é um desafio para a justiça.
Em uma palestra na última quarta-feira (27), Agostinho comentou sobre o cenário das criptomoedas no Brasil e mundo, assim como os detalhes do funcionamento desse ecossistema.
Lembrando que grandes empresas já trabalham com criptomoedas, em uma realidade cada vez mais presente, citou até que Visa, Mastercard e ELO já imprimem cartões para o mercado de criptomoedas.
Além disso, ele mostrou que grandes empresas tem produtos no setor, sendo a barreira de entrada muito pequena. Em sua visão, por exemplo, não seria impossível ver um banco como o Itaú intermediar compras de criptomoedas no mercado, visto que isso é fácil de ser feito.
Assim, o Bitcoin não é um grande desafio ao mercado financeiro, segundo especialista Segurança Pública e Atividade Policial, que participou do evento “Criptoativos e Smart Contracts – Impactos na atividade jurisdicional“.
Superintendente da PF diz que Bitcoin é um desafio principalmente para a justiça
Agostinho Cascardo Junior explicou a magistrados e servidores do Tribunal de Justiça de Rondônia os detalhes do funcionamento do Bitcoin e de algumas das principais criptomoedas do mercado.
Falando sobre o sistema de mineração, validação de transações, entre outros assuntos, um dos termos que Agostinho se dedicou a explicar acabou sendo sobre os contratos inteligentes. Segundo o servidor da PF, esse será detalhe do setor das criptomoedas e Bitcoin deverá ser o principal desafio para a justiça nos próximos anos.
“Esses contratos já tem dezenas de trilhões rodando por ano. Eu pergunto: se a fonte está secando e a foz também, como que a justiça vai conseguir fazer seu trabalho, se ela não vai conseguir acessar nem os contratos e nem o fim das demandas. Esse é o grande desafio.
Então para quem pensa que Bitcoin e criptomoedas são desafios para finanças, isso é uma bobagem. Itaú, Bradesco podem lançar exchanges hora que quiserem e usar seu nome, poder e força para captar pessoas para comprar e vender criptomoedas, basta querer. Mas a justiça dificilmente vai conseguir bloquear recursos em carteiras.”
Ele lembrou que contratos inteligentes associados com oráculos deverão influenciar no futuro dos crimes, dificultando a impunidade de pessoas que cometem crimes.
Ele lembrou de qualquer forma que a Polícia Federal já tem se preparado para apreender criptomoedas no Brasil, seja em formatos de papéis até em hardware wallets. Assim que apreendidas, as primeiras ações dos agentes é buscar mover a chave privada dos endereços para posse da justiça.
Demonstrando grande conhecimento no assunto, Agostinho ainda declarou que não é impossível rastrear usuários de carteiras de Bitcoin e que as autoridades policiais já estão identificando esse setor.
Assim, Agostinho lembrou que os policiais e agentes do setor jurídico devem se capacitar neste setor e identificar os detalhes sobre a tecnologia, visto que em 10 ou 15 anos quem não entender de criptomoedas não terá utilidade.