O pânico causado pelo colapso da FTX fez investidores correrem para corretoras e retirarem seus fundos das plataformas, com um recorde de US$ 3 bilhões (R$15 bi) removidos das exchanges nos últimos 7 dias.
De acordo com a empresa de análises Glassnode, o número de carteiras que receberam bitcoins de endereços de corretoras atingiu quase 90.000, totalizando 106 mil bitcoins.
Os dados também mostram que na semana passada, um grande número de usuários optou por enviar os fundos para carteiras de autocustódia.
A Glassnode revelou que o mercado viu situações semelhantes apenas três vezes na história – em novembro de 2020, abril de 2020 e julho de 2022.
“O colapso da FTX levou a mudanças muito marcantes no comportamento dos detentores de bitcoin em todas as categorias”, diz a empresa.
A Glassnode também disse que três exchanges estão com leituras de saldo de bitcoin “particularmente estranhas” – Huobi, Gate.io e Crypto.com. As empresas são suspeitas de estarem falsificando reservas para enganar usuários.
Following the collapse of FTX, #Bitcoin investors have been withdrawing coins to self-custody at a historic rate of 106k $BTC/month.
This compares with only three other times:
– Apr 2020
– Nov 2020
– June-July 2022https://t.co/92aYVYU4Yt pic.twitter.com/em7CsDBWUf— glassnode (@glassnode) November 13, 2022
Enquanto isso, a CryptoQuant revelou que as reservas totais das corretoras estão no nível mais baixo desde fevereiro de 2018. A empresa monitora um total de 38 corretoras.
“Devido à desconfiança nas corretoras, a quantidade de carteiras individuais recebendo bitcoins está aumentando” – disse a empresa.
Due to distrust in the exchange, the amount of individual cryptocurrency wallet deposited increases
"This, on the contrary, can be interpreted as an intention to hold Bitcoin … from a long-term investment perspective."
by @MAC_D46035— CryptoQuant.com (@cryptoquant_com) November 12, 2022
Crypto.com tem corrida de saques
Várias empresas estão tendo que provar que possuem reservas, e algumas delas não estão conseguindo ter total transparência, resultando em uma corrida de retirada de fundos, afinal, quem pede saque primeiro tem mais chances de não ficar no prejuízo.
Nas últimas horas, mais de 80 mil saques foram solicitados na plataforma Crypto.com, e uma olhada nas carteiras da empresa mostra uma situação preocupante do sentimento dos investidores em relação à plataforma.
A empresa entrou na mira dos investidores após questões serem levantadas sobre a legitimidade de suas reservas, após ser revelado que a crypto.com “acidentalmente” enviou 320.000 ETH (US$ 400 milhões) para a rival Gate.io.
Isso levou muitos críticos a acusar Crypto.com e a Gate.io de “compartilhar” fundos para falsificar ‘Provas de Reserva’.
Além disso, um tópico no Twitter destacou algumas inconsistências com as transferências da plataforma nas últimas semanas.
A empresa parece ter muitas atividades suspeitas que sugerem que a empresa pode estar usando fundos de clientes para sustentar sua própria atividade – exatamente o que a FTX fez antes de falir.
https://twitter.com/0xfoobar/status/1591955474538463236
No momento da redação deste artigo, token nativo da plataforma Crypto.com, o CRO caiu mais de 50% nos últimos 3 dias, após o aumento da suspeita da saúde financeira da empresa.
Independente de a Crypto.com estar insolvente ou não, os usuários continuam retirando seus fundos das plataformas, o que é uma medida de segurança recomendada a todos.
Crise no mercado
A saída de bitcoins das corretoras não é uma surpresa, afinal, o colapso da FTX deixou investidores em alerta com outras empresas que podem ter o mesmo problema.
A FTX era a terceira maior corretora de criptomoedas do mundo e, portanto, sua falência pegou muitos de surpresa.
Os especialistas do setor estão recomendando mais do que nunca soluções de auto-armazenamento de criptomoedas, pois a frase “não são suas chaves, não são suas moedas” tem mais peso do que nunca.
Recentemente, o CEO da corretora Binance e fundador da MicroStrategy pediram aos usuários que guardem ativos em suas próprias carteiras, especialmente em tempos de “turbulência do mercado”.