A venezuelana María Corina Machado foi a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. Segundo o comitê, este é um reconhecimento de sua luta contra a ditadura na Venezuela.
Opositora de Nicolás Maduro, no comando da Venezuela desde 2013, a política foi impedida de concorrer à presidência nas eleições de 2024 pelo Judiciário.
Em entrevista concedida à Fundação dos Direitos Humanos durante sua campanha, Machado se provou uma grande defensora do Bitcoin.
Como destaque, apontou que sua campanha estava operando sem acesso bancário e afirmou que criaria uma reserva soberana de Bitcoin no país.
Opositora da ditadura na Venezuela vence o Prêmio Nobel da Paz de 2025
Enquanto dois antigos vencedores do Prêmio Nobel de Economia — Eugene Fama e Paul Krugman — já se mostraram contra o Bitcoin, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, María Corina Machado, é uma grande defensora da criptomoeda.
Em nota publicada nesta sexta-feira (10), o comitê deu destaque para a sua luta contra a ditadura na Venezuela.
“O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido a María Corina Machado “por seu incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.”
A escolha não agradou a todos.
Como exemplo, o presidente russo Vladimir Putin, que reconheceu a vitória de Nicolás Maduro nas últimas eleições, afirmou que o comitê estava dando esse prêmio para pessoas que não fizeram nada pela paz.
“Não cabe a mim decidir quem deve ganhar o prêmio. E eu não acho que alguém aqui presente, ou alguém do seu público, vá discordar quando eu digo que houve casos em que o comitê do Prêmio Nobel concedeu o Prêmio da Paz a pessoas que não fizeram nada pela paz”, comentou Putin.
“E, na minha opinião, essas decisões prejudicaram a autoridade do prêmio. Eles deram o Prêmio da Paz a pessoas que não fizeram nada.”
María Corina Machado é uma grande defensora do Bitcoin
Em entrevista com a Fundação dos Direitos Humanos em setembro de 2024, María Corina Machado se mostrou uma grande defensora do Bitcoin ao apontar que a criptomoeda poderia resolver problemas econômicos criados no regime de Nicolás Maduro.
“O mundo conhece os abusos de direitos humanos de Chávez e Maduro, mas menos se fala sobre suas violações dos direitos financeiros, uma tragédia que vem se desenrolando nas últimas duas décadas.”
“O bolívar venezuelano, antes estável em três a quatro unidades por dólar americano, perdeu 14 zeros sob Chávez e Maduro, transformando uma economia funcional em uma crise financeira catastrófica”, iniciou Machado, citando que a inflação no país chegou a 1.700.000% em 2018.
Somado a isso, a política venezuelana destacou que o governo transformou o sistema financeiro em uma “arma contra o povo”, incluindo congelamento de contas, confisco de ativos e cortes de serviços.
“Nossa campanha atualmente opera sem acesso bancário, isolada, mas resoluta em sua luta por mudança”, notou Machado, também afetada pelos abusos da ditadura de seu país.
“Alguns venezuelanos encontraram um meio de sobrevivência no Bitcoin durante a hiperinflação, usando-o para proteger sua riqueza e financiar sua fuga. Hoje, o Bitcoin contorna as taxas de câmbio impostas pelo governo e, assim, ajuda muitos de nossos cidadãos. Ele evoluiu de uma ferramenta humanitária para um meio vital de resistência.”
“Somos gratos pela salvação que o Bitcoin oferece e esperamos adotá-lo em uma nova Venezuela democrática. Enxergamos o Bitcoin como parte de nossas reservas nacionais, ajudando a reconstruir o que a ditadura destruiu. Antes que nossas reservas de ouro fossem saqueadas, a Venezuela possuía sólidas reservas financeiras em todo o mundo. Restauraremos essas reservas e incluiremos o Bitcoin como um componente essencial”, declarou.
Tentando vencer Maduro nas urnas, Machado afirmava que a única maneira de ajudar a Venezuela seria garantir direitos de propriedade, bem como ter uma baixa inflação, igualidade de oportunidades e transparência governamental.
“Ao contrário das transferências bancárias, que o regime costuma bloquear, as doações em Bitcoin não podem ser confiscadas.”
“Usemos essa tecnologia para promover a mudança que a Venezuela desesperadamente precisa. Todos os fundos que decidirem contribuir apoiarão nossos esforços por uma transição pacífica e pelo reconhecimento de nossa vitória”, continuou Machado.
Apesar dos esforços, o nome de María Corina Machado nem sequer apareceu nas urnas e Maduro foi reeleito com Edmundo González aparecendo em segundo lugar.
Para piorar, as eleições levantaram suspeita de fraude e poucos países reconhecem a vitória de Maduro. Um deles foi a Rússia, o que explica os comentários de Putin sobre a premiação.