Maduro mantém um olhar consternado enquanto seu rosto é atacado por algumas mulheres e crianças. A sua derrocada, anunciada para o dia 26 de fevereiro de 2019, se concretizou. Pelo menos no campo das ideias. Explico: A intervenção faz parte do mais novo painel do artista Cryptograffiti, um ativista que dedica o seu trabalho à propagação do movimento das criptomoedas e da blockchain.
Sobre um painel composto por mil bolívares, Cryptograffiti pintou o rosto do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com o objetivo de arrecadar fundos para projetos de amparo à população carente, devastada pela crise econômica do país.
O evento, que foi transmitido ao vivo durante todo o dia, aconteceu em Cucuta, Colômbia, a cerca de 500 metros da Ponte Simón Bolívar, um marco para milhares de Venezuelanos que atravessaram a fronteira para escapar da pobreza do seu país de origem.
Para cada doação em criptomoedas feita para a intervenção artística, um venezuelano no evento removeu fisicamente um bolívar do mural. Assim, o artista assistiu a destruição da sua obra (ou a queda metafórica de Maduro).
“Os venezuelanos vão, literal e figurativamente, derrubar Maduro”, comentou Cryptograffiti pouco antes da intervenção.
Apenas duas peças do mural foram preservadas e serão enviadas para dois doadores: uma vai para o que contribuiu com a quantia mais alta e a outra para um doador sorteado aleatoriamente.
Salvação pela arte
Das criptomoedas obtidas, 50% serão doadas a mais de 100 mil venezuelanos, por meio do projeto #AirdropVenezuela. A outra metade será destinada à reconstrução da Fundación Renacer, uma ONG colombiana que presta serviços de creche para as famílias imigrantes. Local que, inclusive, hospedou o evento.
A intervenção conta com as parcerias da exchange mexicana AirTM e da empresa de serviços mercantis focado em criptomoedas, Cripto Conserje. Mesmo com foco no Bitcoin, a AirTM abriu a possibilidade para doações em uma série de altcoins, tais como: bitcoin cash, zcash, XRP e dash.
Como grande entusiasta e propagador das criptomoedas, o artista ressaltou a importância de tais ativos “em regimes autoritários” e economicamente devastados:
“As pessoas estão usando isso [moedas digitais] para evitar a hiperinflação, mas também para fugir com dinheiro. Todas as coisas sobre as quais falamos como possibilidades a partir das criptomoedas estão acontecendo exatamente agora”.
O governo de Nicolás Maduro, empossado em 2003, vem sendo marcado pela fome, declínio socioeconômico e inflação avassaladora. Com a situação cada vez mais grave, no fim de semana passado, a violência estourou na fronteira com o Brasil, enquanto que os militares venezuelanos tentavam bloquear a entrada de alimentos e suprimentos médicos na Venezuela.
