Em um processo que corre na justiça paulista e que o Livecoins teve acesso, um venezuelano acusa a Atlas Quantum de operar um golpe e pirâmide financeira. O homem teria perdido uma vultuosa quantia ao acreditar na empresa, mas não consegue sacar seu dinheiro.
Com promessas de rentabilidade com operações com arbitragem usando Bitcoin, a Atlas chegou no Brasil com uma proposta arrojada. Apesar de não deixar claro que os rendimentos seriam garantidos, comuns em esquemas ponzi, nunca registrou prejuízos em suas operações.
Mesmo com problemas em saques, após uma atuação da CVM, a Atlas continuou suas operações e ainda comprou a Anúbis Trade. Ambas as empresas são citadas pelo venezuelano que perdeu dinheiro no chamado Grupo Atlas Quantum.
O Agravante é pessoa física, investidor não profissional, que utilizou suas economias para a aquisição de criptomoedas bitcoin. Pretendendo obter rendimentos através de suas moedas, criou contas nas plataformas de “trade” de criptomoedas denominadas “ATLAS QUANTUM” e “ANUBIS TRADE”, ambas operadas pelas empresas Agravadas, que serão a seguir denominadas de “GRUPO ATLAS QUANTUM”.
“Baleia da Anúbis Trade”, Venezuelano não consegue sacar investimentos da Atlas Quantum e recorre na justiça
Ao adquirir a Anúbis Trade, empresa que operava um modelo de negócios parecido, oferecendo rendimentos com arbitragem de Bitcoin, a Atlas passou a responder também pelos clientes dessa. Contudo, muitos se viram em uma situação indesejada, visto que a Atlas já estava com problemas em honrar os saques.
Cabe o destaque que tanto a Anúbis quanto a Atlas prometiam liberar saques em um dia útil. Desde 2019, vários clientes não conseguem sacar seus valores e recorrem na justiça para realizar saques, de ambas as empresas.
Um deles é um venezuelano que investiu R$ 780 mil na Anúbis, empresa do Grupo Atlas Quantum. No processo que corre na justiça paulista, o homem alega que em dado momento, detinha 20% de todos os investimentos realizados na Anúbis, ou seja, era uma baleia dentro da empresa.
Mesmo sendo um cliente de destaque no negócio, alega ter sofrido um golpe dos donos das empresas do grupo. Seu valor investido, em Bitcoin, seria de 18,89 BTCs.
Vale destacar que esse valor correspondia a quase 20% de todo o montante investido na plataforma “ANUBIS TRADE”, sendo o Agravante um dos maiores investidores daquela plataforma.
Tentativas de saques desde outubro não são possíveis
De fato, ambas as empresas Atlas e Anúbis, já somam grande quantidade de processos de clientes. Segundo apuração recente feita pelo Livecoins, seriam pelo menos R$ 32 milhões em ações de clientes contra o grupo.
O venezuelano que aportou grande valor no Grupo Atlas Quantum alega que tenta realizar saques desde outubro. Dessa forma, seriam seis meses de tentativas, infrutíferas, de reaver seu capital aportado na empresa.
Em pedido na justiça, o venezuelano teve seu pedido de tutela de urgência negado na primeira instância. A justiça apontou que não havia indícios de dano ou risco ao resultado útil do processo.
Sua defesa então recorre na segunda instância do judiciário brasileiro, e sustenta que seu cliente foi vítima de um golpe. Além disso, a defesa alega que há indícios que a empresa era uma pirâmide financeira, assim como um juiz recentemente destacou em decisão.
Nesse momento começou a surgir a suspeita de que o GRUPO ATLAS QUANTUM praticasse o chamado esquema de “pirâmide financeira”, em verdadeiro golpe contra seus usuários. Ou seja, suspeitava-se que realizava operações sem lastro, utilizando-se de investimentos de novos usuários para pagar os investimentos dos usuários mais antigos, sistema esse que, em situação de crise de novos investimentos e concomitantes pedidos de saque, entra em colapso.
Após intensa luta na justiça, homem consegue liminar para reaver investimento
Após uma série de recursos na justiça paulista, o empresário venezuelano conseguiu uma liminar para reaver o dinheiro preso na Atlas Quantum. O desembargador Campos Petroni deferiu pedido de tutela e determinou arresto na conta da empresa. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Paulista do TJSP do último dia 16.
Assim, concedo parcialmente a antecipação da tutela, e isso para que seja liberado o valor do saldo do autor mantido em contas das rés, em 48 horas, sob pena de, não cumprida essa medida, sejam arrestados valores correspondentes em contas
Com acusações de lavagem de dinheiro e pirâmide financeira, o desembargador pediu vistas do Ministério Público quanto ao caso. Após isso, o caso deverá retornar para o magistrado para novas deliberações, com urgência.