Em documento intitulado “Nem tudo que reluz é ouro: o alto custo de deixar as criptomoedas não regulamentadas”, uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) cita que as criptos podem ser uma ameaça para moedas fiduciárias de países desenvolvidos, bem como causar instabilidade financeira no mundo.
Publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, sigla em inglês), o estudo afirma que novas medidas regulatórias precisam vir de países desenvolvidos.
Entretanto, a agência nota que o maior desafio é a globalização do setor. Afinal muitas vezes isso impede que os países tenham algum controle sobre empresas que podem nem mesmo ter uma sede física.
ONU quer que criptomoedas sejam menos atrativas
Como sugestão, a agência da ONU recomenda que uma taxa seja cobrada de exchanges e carteiras de criptomoedas, tornando-as menos atrativas para novos investidores. Seguindo, também pede para que instituições sejam proibidas de manter saldos de potenciais clientes.
“Tornar o uso de criptomoedas menos atraente, por exemplo, cobrando taxas de entrada para exchanges de criptomoedas e carteiras digitais […]”, aponta o documento da ONU. “Proibir instituições financeiras regulamentadas de manter stablecoins e criptomoedas ou oferecer produtos relacionados a clientes.”
Outro ponto sugerido é a restrição de anúncios de exchanges e carteiras de criptomoedas em redes sociais e outros espaços. Como solução, a agência sugere que a criação de moedas digitais estatais (CBDCs) possa reduzir a sedução das criptomoedas.
Agência aponta riscos das criptomoedas
Antes de sugerir soluções tão dramáticas, a UNCTAD aponta que as criptomoedas podem substituir as moedas estatais lentamente, bem como impor grandes riscos de instabilidade financeira caso o preço das mesmas caia.
“Por fim, se não forem controladas, as criptomoedas podem se tornar um meio de pagamento generalizado e até substituir as moedas domésticas de forma não oficial (um processo chamado criptonização), o que pode comprometer a soberania monetária dos países.”
Apesar de citar que o dever de regulamentar as criptomoedas está nas mãos de países desenvolvidos, a agência da ONU aponta que 15 dos 20 países com maior adoção de criptomoedas são emergentes. O Brasil aparece na 14ª posição, com 4,9% de sua população já investindo em ativos como o Bitcoin.
Enquanto isso, o mundo parece estar indo na direção contrária das recomendações da ONU. Como exemplo, corretoras estão zerando taxas de negociação, permitindo um acesso mais fácil a potenciais investidores, além disso, a maior gestora de ativos do mundo entrou de cabeça no Bitcoin nesta semana.
Por fim, é difícil imaginar que algum país tenha motivos parar criptomoedas que sejam consideradas commodities, como o Bitcoin. Em todos os casos, é possível que stablecoins e projetos centralizados sofram com uma regulamentação mais pesada no futuro.