Baseada em Hong Kong, uma corretora de criptomoedas anunciou que estaria fazendo uma manutenção em seus sistemas. O anúncio, postado no dia 13 de novembro, aponta que “dados de saldo de alguns usuários foram registrados de forma anormal”, jogando a culpa para um terceiro.
Programada para durar entre 7 e 10 dias, a manutenção também pausou saques. Entretanto, a corretora ainda não retornou suas atividades mesmo após mais de 3 semanas.
Os investidores, preocupados que essa corretora tenha o mesmo destino da FTX, já criaram grupos para investigar a situação por conta própria. Uma dessas pesquisas aponta que Victor Su (Weiyi Su), um dos maiores investidores da AAX, moveu 5.000 ETH da corretora para seu próprio endereço ainda em setembro.
Em outras palavras, a comunidade acredita que Su tenha orquestrado um esquema de pirâmide. Já em resposta ao Financial Times, o executivo afirmou que não fugiu e que também perdeu dinheiro com o negócio.
Manutenção de sete dias já dura mais de três semanas
Ao entrar no site da AAX, um grande aviso salta à tela. Citando problemas com os dados dos usuários, ao invés dos fundos, a corretora afirma que precisará de 7 a 10 dias para reestabelecer seu sistema.
Já em uma postagem em seu blog oficial, datada em 23 de novembro, é dito que a falha é de um parceiro terceirizado. Entretanto, não há atualizações desde então.
“A AAX programou uma atualização do sistema que ajudará a proteger nossos usuários dos vários ataques maliciosos que observamos durante esse período vulnerável”, aponta o comunicado. “Devido à falha de nosso parceiro terceirizado, os dados de saldo de alguns usuários foram registrados de forma anormal em nosso sistema.”
Investidores iniciam investigações por conta própria
Buscando uma investigação rápida, um grupo no Telegram já conta com mais de 1.000 membros. Além de informações jurídicas, também é possível encontrar uma foto do possível passaporte de Victor Su e até mesmo investigações de campo.
“Um amigo meu foi esta manhã verificar aquele lugar”, comentou um usuário sobre endereços físicos da AAX.
O caso lembra bastante a ação tomada pelos investidores da FTX, que viajaram para as Bahamas nas últimas semanas para tentar encontrar Sam Bankman-Fried.
Análise onchain aponta que executivo sacou 5.000 ETH antes do anúncio de manutenção
Outro realizou uma análise on-chain, apontando que Su teria recebido 5.000 ETH (R$ 33 milhões) de um endereço da corretora, poucas semanas antes da mesma anunciar que estava com problemas com os dados dos clientes.
“Este é apenas um dos movimentos que compartilhei. Podemos ver que há um movimento de quase 5.000 ETH da carteira da AAX em 22 de setembro, antes do problema de manutenção da bolsa em 13 de novembro de 22. É claro que eles pretendiam puxar o tapete há muito tempo”, comenta o usuário chamado Mike Ong no grupo de investidores lesados.
Por fim, embora os diretores da AAX estejam calados durante este momento de estresse, fontes apontam que um deles foi espancado por clientes revoltados.
Já os mais racionais estão reportando o caso a diversas entidades policiais. De qualquer forma, tudo isso mostra que a indignação dos investidores chegou a seu ápice.
Antes de pausar os saques, a AAX estava listada no CoinMarketCap como uma das 30 maiores corretoras de criptomoedas do mundo por volume.
Ou seja, embora seu tamanho não fosse tão grande quanto a FTX, ainda assim deve deixar um grande prejuízo a muitas pessoas.