O Bitcoin já registra queda mensal de 13,5% nos primeiros nove dias deste mês de março. Após perder a região dos US$ 23.000 na sexta-feira passada (3), a maior criptomoeda do mercado desabou novamente, chegando a ser negociada por US$ 20.000 na noite desta quinta-feira (9).
Após os touros perderem a batalha na região dos US$ 25.000 em meados de fevereiro, diversas notícias abalaram o mercado nos últimos dias. Em ordem cronológica, estes foram os eventos que empurram o Bitcoin para os US$ 20.000.
- 02/03 — Dois bancos britânicos limitam compras de criptomoedas
- 02/03 — 142.000 bitcoins (R$ 15 bilhões) ligados à corretora Mt. Gox devem voltar ao mercado
- 03/03 — Pressão regulatória sobre a Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo
- 03/03 — Abandono das criptomoedas por Elon Musk, homem mais rico do mundo
- 07/03 — Presidente do Fed sinaliza que deve aumentar os juros mais do que o esperado anteriormente
- 08/03 — Movimento de R$ 4,6 bilhões em Bitcoin pelo governo americano, sendo R$ 1,13 bilhão para uma corretora
- 09/03 — Quebra do Silvergate, banco com fortes laços com o setor de criptomoedas
- 09/03 — Promessas de mais regulamentação pelo Fed, que está montando uma equipe de especialistas em cripto
Qual destas foi a pior notícia para o Bitcoin?
Dado que o Bitcoin tem sofrido com o aumento da taxa de juros americana desde que o Fed começou a intervir no mercado, as falas de Jerome Powell parecem ser o maior problema para os touros.
Enquanto o mercado esperava um aumento de 0,25%, o presidente do Fed sinalizou que pode aumentar as taxas em até 0,5%. Para piorar, Powell também afirmou que elas devem permanecer altas por um longo período.
Além do Bitcoin, ativos negociados em bolsa, como o S&P 500, também reagiram mal a notícia e registraram queda.
Outra notícia que derrubou o Bitcoin para os US$ 20.000
A segunda pior notícia é a quebra do Silvergate. Após iniciar o mês com baixa de 45%, agora as ações do banco já registram perda de 80% após seu anúncio de liquidação voluntária.
O primeiro problema já pode ser sentido de imediato. Conforme o Silvergate era parceiro de grandes corretoras, agora essas empresas precisam procurar por bancos ainda piores, gerando mais riscos aos investidores.
Seguindo, a quebra do Silvergate não só deve como já está sendo usada como um exemplo a não ser seguido por outros bancos. Ou seja, agora as criptomoedas estão mais distantes do setor financeiro tradicional, com menos exposição.
‘Fantasma da Mt. Gox’ encontra o ‘Fantasma da Silk Road’
Por fim, dois eventos de 10 anos atrás, quando o Bitcoin ainda valia migalhas quando comparado a hoje, voltaram a assombrar o mercado nesta semana.
O primeiro e maior deles é o fantasma da Mt. Gox. Falida desde 2014 após um dos maiores hacks da história, a corretora conseguiu salvar cerca de 144.00 bitcoins. Agora, nove anos depois, estas moedas devem voltar para o mercado e investidores esperam que isso crie uma grande pressão vendedora.
Outro evento é o hack da Silk Road, um mercado ilegal fechado pelo FBI em 2013. Em novembro de 2021, o governo americano conseguiu confiscar cerca de 50.000 bitcoins ligados a este hack.
Em suma, conforme o criador da Silk Road está preso, tais moedas pertencem aos EUA e devem ser leiloadas. No entanto, uma movimentação de 9.861 bitcoins (R$ 1,13 bilhão) do próprio governo para uma carteira da Coinbase deixou investidores com medo que elas sejam vendidas no mercado aberto.
A cereja do bolo
Completando, a carta enviada por senadores americanos aos executivos da Binance também pôs pressão no mercado. Afinal, hoje a corretora de Changpeng Zhao é disparadamente a maior do mundo e qualquer problema afetaria tanto o Bitcoin quanto todas outras criptomoedas.
No entanto, por não ser a primeira e nem a última vez que essa pressão ocorre, isso não teve tanto impacto quanto as notícias anteriores.
O mesmo pode ser dito sobre Elon Musk. Afinal, quando o bilionário falava sobre criptomoedas, era sobre a Dogecoin e isso não ajudava em nada, pelo contrário.
Finalizando, as falas de Michael Barr, vice-presidente do Fed, merecem um pouco mais de atenção. Nesta quinta-feira (9), Barr prometeu maior supervisão sobre as stablecoins. Isso deve afetar todo o mercado já que elas são responsáveis pelo maior volume de negociações em corretoras.