Autoridades da Tailândia prenderam sete suspeitos na quarta-feira (30) sob acusações de extorquir estrangeiros em busca de criptomoedas, seis deles eram policiais. Segundo a mídia local, o grupo era composto por 12 criminosos.
O esquema foi descoberto após o grupo extorquir um chinês identificado pelo sobrenome Sai que, desconfiado, procurou um advogado para investigar o caso e denunciou o esquema às autoridades.
Golpistas apresentavam documentos em idioma local para deixar vítimas sem reação
Relatos apontam que Sai e sua família receberam uma visita policial em sua casa localizada em Bangkok, capital da Tailândia. Na data, os policiais apresentaram um documento que parecia um mandado de busca e apreensão.
Dois cúmplices do esquema que se passavam por intérpretes afirmaram que o mandado apontava que Sai estava ligado a uma falsificação de passaporte de um filipino, cujo caso já estaria correndo nos tribunais.
Conforme o chinês não sabia ler tailandês, e também não devia nada à ninguém, deixou os homens entrarem em sua residência e teve todos seus celulares e computador confiscados. Além dessa falsa acusação, os policiais também o acusaram de empregar ilegalmente uma doméstica estrangeira.
Após isso, os golpistas exigiram 10 milhões de USDT, stablecoin lastreada em dólar, da vítima, afirmando que abandonariam o caso após o pagamento.
Sai recusou a proposta, apontando que não tinha tanto dinheiro assim. Foi então que ele, sua esposa, um amigo e a empregada doméstica foram levados para um prédio governamental usado pela polícia.
No local, os policiais baixaram o pedido do pagamento de 300 milhões de baht, moeda local, para 10 milhões de baht (1,72 milhões). O chinês continuou discordando das propostas.
Na sequência, o chinês e sua esposa foram transferidos para outra sala de interrogatório, sem a presença de seu amigo e sua empregada. Lá, Sai concordou em transferir o dinheiro e fez duas transações de Tether, uma de 9.253 USDT e a segunda de 140.000 UST, totalizando R$ 868 milhões.
As vítimas então foram liberadas, mas os policiais mantiveram o computador e as obrigaram a gravar um vídeo afirmando que não havia nenhuma irregularidade.
Dias depois, Wen, amigo de Sai, recebeu uma mensagem em seu Telegram de um dos intérpretes pedindo 700.000 baht (R$ 120.000) para que eles revelassem quem denunciou seu amigo. As vítimas transferiram o valor requisitado, novamente em USDT, mas não receberam a informação prometida.
Vítima contratou um advogado para investigar o que estava acontecendo
Desconfiado de tudo, Sai contratou um advogado para investigar o caso. Após coletar evidências suficientes, apontando que doze pessoas estavam envolvidas no esquema, o chinês denunciou o caso às autoridades.
Na terça-feira (30), seis policiais e um civil foram presos em Bangkok. Eles foram identificados apenas por seus sobrenomes.
Chanachai (41), Tenente-Coronel da Delegacia de Polícia de Kham Sakae Saeng, Amnuay (42), Capitão da da Delegacia de Polícia de Samrong Tai, Chayaphon (43), Sargento-Mor do Escritório de Polícia Turística, Pornthep (46), Sargento-Mor da Divisão de Proteção ao Consumidor, Manaswee (41), Sargento-Mor do Escritório de Polícia Turística, Siam (49) Sargento-Mor da Polícia Provincial de Saraburi e Thawut (43), o único civil.
Outros três policiais, Kittipoom, Sargento da Polícia, Suphan, Sargento-Mor da Polícia, e Thanakrit, Capitão da Polícia, já haviam se entregue dois dias antes. Dois suspeitos continuam foragidos, Aphatsara e Yun, casal de chineses que se passou por intérpretes.
Todos os acusados foram liberados sob o pagamento de fiança e negaram as acusações.