Galípolo mosta preocupação com uso de criptomoedas por brasileiros e diz que Drex não é CBDC

Uso de stablecoins para evitar obrigações fiscais é uma das maiores preocupações do novo presidente do BCB.

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil, participou de uma conferência do BIS (Bank for International Settlements) nesta sexta-feira (7). Dentre os assuntos abordados esteve o Pix, Drex e o uso de criptomoedas por brasileiros.

Uma das preocupações de Galípolo está ligada às stablecoins pareadas ao dólar americano. Afinal, por não terem a volatilidade do Bitcoin e outras moedas descentralizadas, são mais propensas a serem usadas no comércio.

Ainda em dezembro, o BCB propôs a proibição da autocustódia de stablecoins. Como resposta, uma deputada apresentou um projeto de lei nesta semana em defesa da autocustódia de criptomoedas.

Galípolo fala sobre crescimento na adoção de stablecoins por brasileiros

Gabriel Galípolo assumiu a presidência do Banco Central do Brasil no dia 1º de janeiro, sendo o evento do BIS sua primeira aparição pública desde que foi nomeado para o cargo. Questionado sobre o uso de criptomoedas no Brasil, o economista se mostrou preocupado com a popularização das stablecoins e principalmente pelos motivos por trás disso.

“No Brasil, vimos um grande crescimento no uso de criptomoedas ou criptoativos nos últimos dois, três anos, o que levantou questões sobre a motivação por trás desse crescimento”, disse Galípolo. “No início, vimos que mais de 90% eram stablecoins, então assumimos que provavelmente era uma maneira mais fácil de ter uma conta em dólares, por exemplo.”

“Mas depois houve uma discussão sobre se a motivação era mais especulativa, se estavam comprando dólares para investimentos ou se era uma moeda usada como meio de pagamento. E a resposta foi que o uso era muito mais como meio de pagamento, principalmente para compras no exterior e pagamentos transfronteiriços.”

Segundo Galípolo, a parte preocupante é que muitas pessoas estão aproveitando a privacidade das stablecoin para evitar impostos, lavar dinheiro, entre outros pontos que não envolvem razões ideológicas.

“Isso não é uma acusação, mas quando analisamos o que as pessoas estão comprando, fica claro que já estamos utilizando criptomoedas para pagamentos internacionais. […] Muitas vezes, elas simplesmente querem evitar a tributação ou outras obrigações fiscais.”

“Isso gera uma preocupação e um desafio para o Brasil em termos de vigilância e regulamentação, porque há divisões claras entre privacidade fiscal e privacidade financeira”, continuou o presidente do BCB. “A troca de informações entre a Receita Federal e o Banco Central não é simples, pois é necessário respeitar essa ideia de privacidade.”

A participação completa de Galípolo pode ser assistida abaixo, já no tempo onde o presidente do BCB fala sobre criptomoedas.

Embora não existam muitas informações públicas sobre como brasileiros usam stablecoins, dados do MercadoCripto mostram que a stablecoin Tether (USDT) é responsável por 46% de todo volume diário de transações em corretoras de criptomoedas nas últimas 24 horas.

Além disso, a política pró-criptomoedas de Donald Trump também está impulsionando a expansão dessas stablecoins pareadas ao dólar americano. Portanto, o BCB deve ter ainda mais motivos para se preocupar nos próximos anos.

Galípolo defende Drex como solução para crédito mais acessível no Brasil

Falando sobre o futuro real digital, Galípolo afirmou que o Drex não é uma moeda digital de banco central (CBDC), mas sim com uma infraestrutura baseada em tecnologia de registro distribuído (DLT), focada na tokenização de depósitos e ativos.

Durante sua fala, ele destacou que o Drex tem um potencial muito maior do que apenas facilitar pagamentos, podendo transformar o sistema financeiro do país.

“O Drex não é uma moeda digital de banco central. É uma DLT. Com a tokenização de depósitos e ativos, com uma estrutura de contratos inteligentes, esta é a ideia do Drex”, disse Galipolo.

Apesar da afirmação, o site do banco central do Brasil apresenta o DREX (antes chamado apenas de real digital) como uma CBDC desde seu anúncio, em 2021.

A mudança no discurso ao afirmar que o Drex não é uma CBDC, mas sim uma infraestrutura baseada em DLT pode estar relacionada ao receio da população sobre questões de privacidade e controle estatal sobre transações financeiras.

Segundo o presidente do BC, a expectativa da população é que o Drex crie uma infraestrutura pública robusta para a custódia de ativos e a melhora no financiamento.

Ele afirmou que os altos custos de crédito no Brasil estão ligados à dificuldade de garantir empréstimos, e que a nova tecnologia poderia viabilizar financiamentos colateralizados de forma mais eficiente.

“Precisamos pensar na inovação como meio, e não como um objetivo em si, analisando quais problemas podemos resolver”, afirmou. O Drex, segundo ele, pode ser um grande avanço para reduzir as barreiras do crédito e impulsionar a economia brasileira.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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