As moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) estão sendo discutidas por mais de 80% dos bancos centrais ao redor do mundo, isso é uma clara resposta ao avanço das criptomoedas como o Bitcoin. No entanto, seriam as CBDCs um tiro no pé do próprio sistema bancário tradicional?
O Sistema bancário tradicional já vem enfrentando diversas adversidades nos últimos anos e, para entender de que forma as CBDCs podem acabar com os bancos tradicionais, primeiro precisamos entender a forma como os bancos atuam nos mercados sob a benção dos Bancos Centrais e de onde obtém seu lucro, entre elas:
- Depósitos e empréstimos;
- Taxas (TED, DOC, Manutenção de contas, etc..);
- Pagamentos com cheque e cartão;
- Taxas por serviços financeiros (Previdência privada, seguros, entre outros).
Dentre essas formas de como os bancos geram lucro podemos verificar que o resultado por parte das taxas tem sido totalmente minado com o advento das fintechs, como Nubank e Banco Inter, que cresceram e se desenvolveram justamente baseadas em não cobrar taxas dos clientes por transferências entre bancos e manutenções de contas.
Além disso, outro grave ataque aos bancos tradicionais é o atual padrão mundial de taxas de juros negativas que impõe dificuldades aos bancos na capitação de lucro através dos spreads entre taxas de depósitos e empréstimos.
Até mesmo no Brasil, após a última elevação na taxa Selic de 100 base points (o que nos trouxe a taxa de 5,25% ao ano e consolidou o maior ciclo de alta nas taxas de juros desde 2003), continuamos com taxas de juros reais negativas em cerca de 3,10% (IPCA 8,25% acumulado nos últimos 12 meses).
Parte desse arranjo global explica o péssimo desempenho do setor bancário nos EUA, onde as taxas de juros reais também estão bastante negativas. A taxa de juros nominal nos EUA se encontra entre 0,25% e 0,50% ao ano, enquanto a inflação medida pelo CPI já alcançou os 5,40%, gerando assim, uma taxa de juros negativa de cerca de 5,025%.
Desempenho do Índice BKX que é composto por gigantes do setor bancário como Bank Of America (BAC) e JP Morgan Chase (JPM)
Desde o topo de 2008 o índice acumula uma alta de apenas 5,51% enquanto o S&P500 principal benchmark já acumula uma alta de 183,84%.
CBDCs tornam os bancos tradicionais inúteis
As CBDCs, em sua síntese, tornam os bancos tradicionais inúteis de uma vez por todas, já que representam não somente a moeda corrente, mas o sistema de pagamentos em si, assim como o Bitcoin elimina a necessidade de terceiros de confiança proporcionando a custodia por conta própria as CBDCs que, por sua vez, propõem o mesmo, porém com as desvantagens de estarem totalmente sujeitas a regras arbitrarias por parte de políticas monetárias e experimentos das mais diversas formas como o dinheiro com data de validade sugerido e testado pela China e a centralização mais excessiva ainda que o sistema atualmente vigente.
Todos esses fatores nos levam a crer que o sistema financeiro tradicional tende a continuar performando mal, e capitando cada vez mais e mais fragilidades.
Vale lembrar que, em um arranjo inflacionário ou de estagflação, ativos escassos tendem a ter uma boa performance no médio e longo prazo, desta forma as fraquezas no sistema tradicional também significam novas vantagens e incentivos à adoção de criptomoedas com escassez real como o Bitcoin.