Banco Central já perdeu R$ 79 bilhões ao intervir na alta do dólar

A perda considera apenas o ano de 2020. Em 2019, conta também fechou negativa.

O Banco Central do Brasil (BC), já perdeu R$ 79 bilhões ao intervir na alta do dólar. A moeda norte-americana tem disparado contra o real brasileiro (BRL), desde 2019, causando queda no poder de compra considerando o câmbio.

Segundo economistas, a queda do real frente ao dólar, uma das mais expressivas do mundo hoje, é péssima para os brasileiros. Uma viagem aos EUA, por exemplo, que custaria R$ 1000 em janeiro deste ano, já custa R$ 1470 hoje, visto que o dólar aumentou 47% no ano em relação ao real.

Ao ver o movimento de valorização descontrolada do dólar, o Banco Central interviu discretamente na alta. Cabe o destaque que o câmbio brasileiro, na teoria, é flutuante e não deveria nem ter intervenções.

Cofre do Banco Central do Brasil (BC)
Cofre do Banco Central do Brasil

BC do Brasil já perdeu quase R$ 80 bi apenas em 2020, alta do dólar segue firme mesmo com intervenções

O dólar explodiu e ninguém parece ter forças para “segurar esse menino” mais. Cabe o destaque que a subida do dólar em relação ao real já é acompanhada até por um banco alemão, que cravou o USD em R$ 6,50 no ano de 2020.

Segundo o boletim focus, liberado toda semana pelo Banco Central, o dólar deverá fechar cotado em R$ 5. Apesar disso, a marca fica cada vez mais distante, uma vez que o dólar chega em R$ 5,96 nesta quinta (14).

Dólar em alta
Dólar

De acordo com o portal de notícias Valor Investe, o BC já perdeu muito com a alta do dólar desde 2019. Naquele ano, o Banco Central gastou R$ 7,640 bilhões para conter o movimento de valorização do dólar frente ao real. O dólar comercial valorizou, em 2019, 3,5% frente ao real.

Contudo, a soma gasta em 2020 já é explosiva, superando os R$ 79 bilhões, que mesmo com atuação do BC, quase não surte efeito. Apenas em maio de 2020, por exemplo, o Banco Central declarou que gastou R$ 24 bilhões até o dia 8, em operações de swap cambial.

Banco Central afirmou que não havia interesse de intervir no dólar, será?

Nos últimos cinco meses, a moeda norte-americana já ganhou 47% e não mostra sinais de recuo. Com câmbio flutuante, os preços do dólar são definidos, teoricamente é claro, por oferta e demanda.

Em uma coletiva recente, entretanto, o presidente do BC do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que o governo não concordava em atuar no câmbio. Em conversa com jornalistas do Estadão, chegou a afirmar que “nem passa pela cabeça” do BC tal prática. Com os recentes gastos apurados, fica claro que a teoria não tem se aplicado na prática.

Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto em entrevista ao Estadão
Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto em entrevista ao Estadão – Reprodução

Quando uma operação de swap cambial é aberta, o BC visa oferecer um hedge contra a alta do dólar. Ao entrar como vendedor, contudo, o Banco Central perde quando o dólar opera em alta. Caso o real se valorizasse, o Banco Central poderia até ganhar com a operação de swap cambial, o que não tem sido o caso.

Gráfico de volatilidade do dólar frente ao real nos últimos seis meses
Gráfico de volatilidade do dólar mostra alta frente ao real nos últimos seis meses – Reprodução/Investing

De acordo com dados do Investing, a volatilidade do dólar frente ao real é uma das maiores dos últimos seis meses. A medida certamente mostra que a piora se agravou após o mês de março, quando a pandemia do novo coronavírus chegou com mais força no Brasil.

Com o cenário político brasileiro cheio de ruídos e a economia em quarentena, o quadro tende a piorar, sendo soluções como o Bitcoin cada vez mais sendo consideradas pela população que pretende fugir de uma possível “venezuelização” do Brasil.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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