BitVM: Implementação promete transformar Bitcoin em ‘supercomputador’

O BitVM também usa o Taproot como base, prometendo transformar o Bitcoin em uma “máquina virtual”, capaz de rodar qualquer aplicativo. No entanto, algumas pessoas já destacaram que ele não será tão bom quanto o Ethereum Virtual Machine (EVM) por ser uma solução mais lenta, cara e complexa.

Em sua definição, o Ethereum não é uma moeda, mas sim um supercomputador global capaz de rodar aplicativos de forma descentralizada. Embora o Bitcoin pudesse alcançar esse objetivo por meio de forks, tanto desenvolvedores quanto a comunidade preferem deixá-lo o mais simples possível.

Por conta disso, um paper publicado na segunda-feira (9) está chamando a atenção de todos. Chamado BitVM, a solução não requer nenhuma mudança em seu código, mas permite que o Bitcoin consiga ser Turing-completo caso necessário.

“O BitVM é um paradigma de computação para expressar contratos de Bitcoin Turing-completos.”

“Isto não requer alterações nas regras de consenso da rede. Em vez de executar cálculos no Bitcoin, eles são meramente verificados, semelhantemente aos optimistic rollups, aponta o resumo escrito por Robin Linus, criador do BitVM. “Um provador afirma que uma determinada função avalia algumas entradas específicas para alguma saída específica. Se essa afirmação for falsa, o verificador pode apresentar uma prova sucinta de fraude e punir o provador.”

“Usando este mecanismo, qualquer função computável pode ser verificada no Bitcoin.”

“Rodar um grande programa em um endereço Taproot requer quantidades significativas de computação e comunicação off-chain, no entanto, a pegada on-chain é mínima”, finaliza o resumo. “Desde que ambas as partes colaborem, elas podem realizar uma computação complexa off-chain arbitrariamente, sem deixar nenhum rastro na chain. A execução on-chain é necessária apenas em caso de disputa.”

BitVM não é o santo-graal do Bitcoin, mas empolga desenvolvedores

Há cerca de dois anos, o Bitcoin recebia sua mais recente e importante atualização, o Taproot. Através dele, vímos a chegada de diversas novas aplicações no Bitcoin, como foi o caso dos controversos NFTs que inundaram a rede de transações inúteis.

O BitVM também usa o Taproot como base, prometendo transformar o Bitcoin em uma “máquina virtual”, capaz de rodar qualquer aplicativo. No entanto, algumas pessoas já destacaram que ele não será tão bom quanto o Ethereum Virtual Machine (EVM) por ser uma solução mais lenta, cara e complexa.

De qualquer forma, o sistema está sendo amplamente elogiado por desenvolvedores. Afinal, além de não requerer nenhuma mudança no código do Bitcoin, também tem potencial para receber novas melhorias e ninguém é obrigado a usá-lo.

O que dizem os especialistas sobre o BitVM?

Bob Bodily, co-fundador e CEO da Bioniq, reuniu diversos comentários de especialistas em seu Twitter. Na longa publicação aparecem nomes como Adam Back, Dylan LeClair e Eric Wall.

“Tudo o que o BitVM faz é nos permitir dividir o tempo de execução de alguma lógica que estaria fora dos limites de uma única transação em múltiplas transações. É isso”, comentou Sam Parker, notando que diversas implementações poderão se tornar trustless, ou seja, não depender da confiança em terceiros.

“Sobrecarga e permissão são os dois grandes problemas”, comentou Eric Wall. “Por enquanto, estou cautelosamente animado, aguardando o que os experimentos do mundo real produzirão. Talvez existam soluções elegantes e triviais para as limitações de duas-partes deste esquema, talvez não. Talvez a sobrecarga seja gerenciável para tipos específicos de computação, como provas de zero-conhecimento (zk-proofs).”

“Para as pessoas que estão ficando (muito) entusiasmadas, isso é legal, mas efetivamente uma generalização de um jogo entre duas partes — é dito logo no resumo — então é um pouco como o exemplo dos pagamentos contingentes de ZKP escrito Greg Maxwell em 2016”, comentou Adam Back.

“Esta é provavelmente a descoberta mais emocionante na história do script no Bitcoin. Parece derrubar praticamente todas as portas e nos dá acesso a covenants, sidechains e poderes semelhantes à Liquid ou ao EVM, tudo de uma vez, sem a necessidade de forks. Mal posso esperar para publicar minha demo”, comentou Super Testnet, que também publicou um estudo em seu GitHub.

“O BitVM permite que você gaste TODO o UTXO com um contrato inteligente. Para trustless sidechains, precisamos conseguir gastar PARTE de um UTXO com um contrato inteligente”, comentou Rijndale.

Para Bob Bodily, que reuniu os comentários acima, o BitVM deve gerar assunto em diversas rodas de conversa nas próximas semanas, mas ainda há muito para ser explorado antes de chegarmos a uma conclusão.

Por fim, conforme o Ethereum é muito criticado por sua centralização, incluindo os milhões arrecadados para seu desenvolvimento, é impossível que o ETH algum dia se torne o Bitcoin. No entanto, soluções como o BitVM podem fazer o Bitcoin matar o Ethereum.

A apresentação oficial do BitVM, com apenas 8 página e muito similar ao whitepaper do Bitcoin em sua estética, pode ser encontrado no site oficial do projeto.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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