Uma pesquisa recente revelou que 48% dos brasileiros querem o Bitcoin como moeda oficial, com preocupações com investimentos e inflação entre as principais razões.
De fato, El Salvador adotou o Bitcoin no último dia 7 de setembro, se tornando o primeiro país a regulamentar a moeda como de curso legal. Ainda mais promissor, o presidente do país anunciou que houve uma compra de 550 BTCs, se tornando também pioneiro na compra de criptomoedas.
Essa realidade acabou despertando o interesse da população mundial sobre a nova moeda da internet, responsável por demonstrar uma grande valorização nos últimos anos.
Em El Salvador grandes empresas já estão aceitando Bitcoin como pagamento, uma prova de que a moeda é útil como meio de pagamento.
Real está perdendo muito valor com alta inflação, mas moeda ainda é única de curso forçado no Brasil
Desde 1994 o Real brasileiro foi criado, uma moeda emitida pelo Banco Central do Brasil que acabou colocando fim a uma década de problemas com inflação no país, que assolava a população após uma ditadura militar.
Contudo, em 2021, 27 anos após sua criação, o Real perdeu 85% do seu poder de compra, segundo o economista austríaco Fernando Ulrich, que observou que a moeda brasileira volta a registrar uma extrema inflação colocando em risco o poder de compra da população. Uma nota de R$ 100,00 hoje compra “apenas R$ 14,59”, após a grande inflação no país.
Outra forma de visualizar a destruição do poder de compra do real. pic.twitter.com/HSeuc9IkzR
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) September 9, 2021
Vale dizer que o Real é uma moeda de curso forçado, que significa haver “obrigatoriedade de aceitação, determinada por ato governamental, da moeda desprovida de lastro metálico“, segundo um glossário do próprio Banco Central do Brasil. Ou seja, mesmo piorando, os brasileiros são obrigados a aceitar a moeda.
A própria explicação do Bacen deixa claro que não há garantia na divisa nacional além da confiança da população no sistema financeiro nacional, visto que não há lastro metálico.
Pesquisa aponta que 48% dos brasileiros querem Bitcoin como moeda nacional
Essa realidade da falta de lastro e alta inflação, aliada a uma grande indefinição política no Brasil, pode estar levando mais brasileiros a se interessarem por Bitcoin.
De acordo com uma pesquisa feita na plataforma Toluna, encomendada pela Sherlock Communications, as corretoras de países da América Latina já mostram essa realidade, visto o aumento no volume de negociações.
“Como mostra o relatório, as corretoras na Argentina, Brasil, Colômbia, México e Chile tiveram um crescimento tremendo.”
Além disso, a bolsa de valores brasileira B3 listou alguns produtos ligados a criptomoedas, que permitiu que grandes investidores comprassem esses produtos e experimentassem o mercado, mesmo que em um ambiente regulado.
O relatório chamou atenção para a alta do Bitcoin no Brasil, associada a uma grande desvalorização do Real em 2021, com mais de 1 milhão de usuários registrados no país.
“O Brasil tem aproximadamente 1,4 milhão de usuários de criptomoedas registrados. No primeiro trimestre de 2021, o Bitcoin bateu novo recorde histórico no país, negociando acima de R$ 300.000,00. Isso se deveu a uma combinação de dois fatores: o Bitcoin ultrapassou a marca de US$ 60.000 e a desvalorização do real brasileiro.”
A pesquisa ouviu 2,7 mil pessoas em vários países, e aqueles participantes do Brasil deixaram sua expressa suas preocupações com diversificar seus investimentos e uma forma de se proteger da inflação como as principais razões para comprar Bitcoin.
Já os argentinos se mostraram mais preocupados com a inflação quando compram essas moedas.
Brasileiros querem que país adote o Bitcoin, mas não esperam substituição do Real
Mas o que realmente chama a atenção é que 56% dos brasileiros entrevistados acreditam que El Salvador agiu corretamente em legalizar o Bitcoin como moeda de curso legal.
Outro dado igualmente relevante é que 48% dos representantes do Brasil pensam que o governo deveria fazer o mesmo.
“Os brasileiros foram os maiores apoiadores do reconhecimento de criptomoedas na região, com 56% apoiando a abordagem de El Salvador e 48% dizendo que querem que o Brasil também a adote. Na Colômbia, 52% concordaram com El Salvador, assim como 51% no México e 45% na Argentina. O apoio foi menor no Chile e apenas 41% concordaram que é uma boa ideia.”
No entanto, a crença que o Bitcoin irá substituir o Real não existe na maior parte dos pesquisados, indicando que eles acreditam que a moeda digital pode conviver com a fiduciária.
Os ouvintes ainda declararam que o Bitcoin é a moeda digital mais famosa, sendo a Ethereum a segunda colocada e a Litecoin a última.