Assim como no Brasil, a Casa da Moeda da Argentina tem como principal função a emissão de dinheiro em espécie, mas novas medidas anunciadas pelo presidente Alberto Fernández aproximam essa do Bitcoin.
Nos últimos anos, o bitcoin surgiu como uma moeda inovadora, descentralizada e sem vínculos com governos e bancos centrais. Como uma tecnologia disruptiva, essa moeda segue alcançando o interesse dos países, principalmente os mais pobres.
Isso porque, a dependência do Dólar ou uma moeda estrangeira em suas economias pode ser complicada. Em El Salvador, por exemplo, além da divisa norte-americana, o bitcoin se tornou moeda em 2021, com o presidente mostrando entusiasmo em ter uma nova moeda em sua economia.
Contudo, a Argentina também tem visto muito interesse de sua população em criptomoedas, se preparando para mudanças.
Casa da Moeda da Argentina se aproxima do Bitcoin com novas medidas
Na última terça-feira (26), o presidente argentino Alberto Fernández divulgou novas medidas para a Casa da Moeda do país, que deverá passar por um processo de modernização.
Entre a justificativa para as novidades, o presidente informa que apenas a Casa da Moeda tem a responsabilidade de fabricar dinheiro circulante, documentação especial, entre outras exigências do Estado. A última alteração feita no decreto que regulamenta o funcionamento desse órgão público, contudo, foi feito apenas em 2003.
Dessa forma, não foi possível colocar em suas atribuições as inovações tecnológicas, como a blockchain, por exemplo. Visto que essa surgiu em 2009 com o Bitcoin, a Casa da Moeda não reconhece essa como uma possível forma de emissão de dinheiro.
Segundo a Casa da Moeda da Argentina, em um movimento que a aproxima da ideia do bitcoin, o objeto social deve ser atualizado.
“Que atualmente o progresso dos ambientes digitais em termos de transações e pagamentos, rastreabilidade, validações e certificações de documentos e processos, inteligência artificial e sistemas de governança digital, bem como o surgimento e proliferação de tecnologia “blockchain”, tecnologias criptográficas e ativos digitais destacam a necessidade de atualização e ampliação do Objeto Social da EMPRESA ESTADO “CASA DE MONEDA”, de modo que inclua as inovações ocorridas desde a última alteração estatutária até a presente data e aquelas que surjam no futuro.”
Assim, agora a Casa da Moeda argentina deverá estudar e produzir relatórios periódicos sobre os avanços das criptomoedas e outras tecnologias de pagamentos.
O que acontecerá com a Casa da Moeda no Brasil com a chegada do Real digital?
Como a função da Casa da Moeda é cuidar apenas da emissão da moeda física, aquela que circula em espécie, os países que estão pesquisando formas de dinheiro digital já procuram pensar em qual a função das impressoras, que devem ser descartadas em breve.
No Brasil, por exemplo, o Banco Central do Brasil já busca emitir o Real digital, sendo que a Casa da Moeda perderá uma de suas principais funções. Como essa é uma empresa estatal brasileira, ainda não está claro qual será o futuro dela, que também imprime outras moedas comemorativas, selos, entre outros.
Vale lembrar que nos últimos anos, rumores de que a Casa da Moeda brasileira seria privatizada surgiram, mas isso acabou sendo adiado. Na Argentina, o novo projeto dá uma sobrevida ao serviço, mesmo que o governo daquele país também considere emitir sua própria CBDC.