Antes de deixar seus clientes desesperados com a falência da Voyager Digital, Stephen Ehrlich vendeu boa parte das ações da empresa que fundou e atuava como diretor-executivo.
Em onze transações, realizadas entre fevereiro e março de 2021, Ehrlich embolsou 31 milhões de dólares (R$ 163 mi). Já a sua última venda, realizada em abril do mesmo ano, foi marcada pelo pico das ações da Voyager.
Enquanto isso, players da indústria afirmam que regulação é algo bem-vindo. Entretanto, notam que isso não resolverá todos os problemas e que eventos como este devem continuar ocorrendo.
A ascensão e queda da Voyager
Listada na bolsa canadense em setembro de 2019, a Voyager viu o preço de suas ações dispararem 10.233% nos anos seguintes enquanto seu preço saia de alguns centavos para uma máxima de 37,95 dólares canadenses (R$ 156).
Parecendo conhecer o futuro, Stephen Ehrlich, co-fundador e CEO da Voyager, vendeu boa parte de suas ações nos meses que antecederam este topo histórico, conforme aponta a CNBC.
A partir daquele momento, em abril de 2021, as ações entraram em uma queda livre, onde nem mesmo a alta histórica do Bitcoin em novembro conseguiu reverter esta tendência de baixa.
Nos meses seguintes, agora em 2022, a Voyager declarou falência após mostrar-se insolvente, deixando todos seus 3,5 milhões de clientes amargando prejuízos. A principal razão da falência foi um calote de 650 milhões de dólares (R$ 3,4 bi) da Three Arrows Capital.
Por fim, a venda das ações pelo seu CEO, totalizando o equivalente a pelo menos R$ 163 milhões, mostra que Ehrlich deve ter dinheiro para manter algumas gerações de descendentes. Enquanto isso, seus clientes lutam para serem recompensados.
Mais regulamentação pela frente
Após o colapso da Terra (LUNA) e sua stablecoin TerraUSD (UST), legisladores já haviam voltado seus olhos para o setor de criptomoedas. A falência de gigantes como Celsius, Voyager e 3AC também promete acelerar o cobrimento de áreas cinzas desta indústria.
Entretanto, embora regulamentação ajude a evitar excessos, muitos acreditam que isso não é uma pílula mágica que acabará com todos os problemas. Para Changpeng Zhao, CEO da Binance, falências ocorrem até em mercados tradicionais já regulados, portanto, tais eventos não poderiam ser evitados.
Por fim, a maior recomendação para investidores é que os mesmos mantenham suas criptomoedas sobre sua própria custódia, evitando confiar suas economias para terceiros. Afinal, este é um dos grandes pilares que sustenta o apelo por trás do Bitcoin.