CEO do maior ETF de Bitcoin diz que nem todas gestoras sobreviverão

Tratando-se de produtos iguais, as gestoras por trás dos ETFs de Bitcoin não possuem muitas estratégias para promover seus produtos. Atualmente, a guerra está sendo travada nas taxas.

Michael Sonnenshein, CEO da Grayscale, não acredita que o mercado tenha espaço para tantos ETFs de Bitcoin à vista no mercado americano. Na última semana, a SEC aprovou 11 ETFs de diversas gestoras, sendo provável que outras também embarcarão nessa jornada.

No momento desta redação, a Grayscale se orgulha em afirmar que possui o maior ETF de Bitcoin de todos, o GBTC. No total, a gestora possui 581 mil bitcoins sob custódia, quantia equivalente a R$ 120 bilhões, liderando com folga a disputa.

O problema, no entanto, é que o fundo da Grayscale foi criado em 2013. Sem grandes concorrentes, a gestora conseguiu dominar o mercado, mas o jogo parece estar mudando. Nos últimos dias, cerca de 36.000 bitcoins (R$ 7,4 bilhões) foram retirados do GBTC.

CEO da Grayscale defende as taxas altas cobradas por seu ETF

Tratando-se de produtos iguais, as gestoras por trás dos ETFs de Bitcoin não possuem muitas estratégias para promover seus produtos. Atualmente, a guerra está sendo travada nas taxas.

A gigante BlackRock, por exemplo, está cobrando 0,25% ao ano, oferecendo taxa zero pelos 5 primeiros bilhões de dólares que entrarem em seu fundo. Já Ark Invest, Bitwise e Fidelity estão cobrando 0,21%, 0,2% e 0,25% ao ano, respectivamente.

Todas outras gestoras estão competitivas nas taxas, todas cobrando menos de 1%. A única exceção é a Grayscale, que está cobrando 1,5% ao ano de seus clientes.

Antes do fundo ser transformado em ETF, as taxas eram de 2%. Ou seja, houve uma redução, mas o fluxo de saída de milhares de bitcoins nos últimos dias mostra uma insatisfação do mercado. Michael Sonnenshein, CEO da Grayscale, defendeu as altas taxas de seu ETF em conversa com a CNBC.

“Os investidores estão pesando muito coisas como liquidez e histórico e quem é o verdadeiro emissor por trás do produto. A Grayscale é um especialista em criptomoedas. E realmente abriu o caminho para a chegada de muitos desses produtos”, comentou Sonnenshein à CNBC em Davos, citando os 10 anos de história do GBTC.

Por hora, o segundo maior ETF é o IBIT da BlackRock, seguido pelo FBTC da Fidelity e pelo BITB da Bitwise. No total, os fundos possuem US$ 1 bilhão, US$ 874 milhões e US$ 354 milhões em Bitcoin, respectivamente. Uma diferença muito grande para os US$ 25,5 bilhões em Bitcoin da Grayscale, mas que está diminuindo.

Grayscale ainda domina ETFs com o GBTC, mas outras gestoras como BlackROck, Fidelity, Bitwise e Ark estão crescendo. Fonte: The Block.
Grayscale ainda domina ETFs com o GBTC, mas outras gestoras como BlackROck, Fidelity, Bitwise e Ark estão crescendo. Fonte: The Block.

A VanEck, que teve uma estratégia de marketing interessante, prometendo doar parte dos lucros de seu ETF para os desenvolvedores do Bitcoin, aparece na 7ª posição com o ETF chamado HOLD.

Grayscale diz que mercado não tem espaço para tantos produtos idênticos

Pioneira e até então líder do mercado de ETFs de Bitcoin, a Grayscale está cética sobre o futuro de seus concorrentes. Ainda na conversa com a CNBC, Michael Sonnenshein comentou que nem todos sobreviverão.

“Não acredito que o mercado terá esses 11 produtos à vista que temos”, disse o CEO da Grayscale à CNBC, acreditando que alguns ETFs morrerão.

Por fim, vale lembrar que a Grayscale pertence ao Digital Currency Group (DCG). No ano passado, o grupo se envolveu em diversas polêmicas, o caso mais notável foi a falência da Genesis, causando um efeito dominó no mercado.

Bitcoin opera em queda, mas tombo poderia ter sido maior sem os ETFs, afirma especialista da Bloomberg

Mesmo com a aprovação dos ETFs e com uma maior entrada que saída de dinheiro, o Bitcoin continua sendo espremido. No momento desta redação, o BTC está sendo cotado a US$ 41.400, uma queda de 2,4% nas últimas 24 horas e de 10% nos últimos 7 dias.

Em relação ao preço, Eric Balchunas, especialista em ETF da Bloomberg, comentou que os ETFs representam uma parcela pequena do mercado. Portanto, a queda poderia ser bem maior caso os ETFs não tivessem sido aprovados.

“Nunca na minha vida vi entradas de US$ 2 bilhões e queda de preços. Ou seus números informados estão incompletos, ou você apenas postou dados errados haha”, disse um seguidor de Balchunas, criticando seus dados.

“Considere o seguinte: as ações sofrem vendas o tempo todo, mesmo que os ETFs que as possuem recebam bilhões de entradas. Como? Como é um grande mercado, os ETFs são proprietários minoritários. Dito isto, os fluxos de ETF têm impacto — ajudam a tornar as vendas menos graves. O mesmo negócio aqui.”

Por fim, vale lembrar que o Bitcoin passou por uma alta de 62% nos últimos meses de 2023. Portanto, muitos investidores podem estar realizando seus lucros no momento. De qualquer forma, os ETFs devem ter um grande impacto positivo no longo prazo.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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