Chainalysis chama desenvolvedor do Bitcoin de “incompetente”; entenda a discussão

Os problemas da Chainalysis começaram quando a Ciphertrace, empresa de análise de blockchain da MasterCard, foi chamada para defender o acusado, aceitando o caso sem cobrar nada.

Uma batalha judicial nos tribunais americanos parece estar mais interessante do que a aguardada luta entre Elon Musk e Mark Zuckerberg. Em documento publicado na última sexta-feira (8), a empresa de análise de blockchain Chainalysis chama Bryan Bishop, um desenvolvedor do Bitcoin, de “incompetente”.

Para entendermos a discussão, precisamos voltar para abril de 2021. Na data, Roman Sterlingov, um cidadão russo-sueco, era preso no Aeroporto Internacional de Los Angeles sob a acusação de operar um mixer de criptomoedas chamado Bitcoin Fog.

Segundo autoridades americanas, o Bitcoin Fog processou mais de 1,2 milhão de bitcoins (US$ 335 milhões, na data das transações) em seu período de atividade. Grande parte desses bitcoins, segundo o processo, estariam ligados a golpes, tráfico de drogas e outros crimes.

O que parecia ser mais um caso comum acabou se transformando em um pesadelo para a Chainalysis, empresa que apresentou as provas.

Empresa da MasterCard sai em defesa do acusado

Os problemas da Chainalysis começaram quando a Ciphertrace, empresa de análise de blockchain da MasterCard, foi chamada para defender o acusado, aceitando o caso sem cobrar nada.

Em documento de 41 páginas publicado em agosto deste ano, a Ciphertrace faz fortes acusações sobre as análises da Chainalysis, afirmando que elas não deveriam ser usadas neste ou em qualquer outro caso. Dentre os motivos citados estão os seguintes:

“Esses dados nunca foram verificados externamente nem de forma independente, não foram auditados, utilizam novos algoritmos, são baseados em pesquisas experimentais e […] não há taxas de erro conhecidas, falsas taxas positivas, taxas de falsos negativos ou qualquer investigação cientificamente revisada por pares que valide a precisão da aplicação de dados de seus modelos pela Chainalysis.”

Embora atuem no mesmo setor, a Ciphertrace aponta para uma “falta de integridade nos dados” de sua concorrente, bem como uma “falta de validade científica”. Outro ponto mencionado é que a Ciphertrace não teve acesso à ferramenta Chainalysis Reactor para reconstruir os traços apresentados nos relatórios.

Entretanto, a Ciphertrace nota que a Chainalysis usa um modelo Heurística 2 (comportamental), considerando tipos de endereços usados e outros detalhes. “Isto levanta sérias questões sobre a afirmação de que o Chainalysis Reactor é determinístico”, aponta a defesa.

“Existem taxas de discrepância acima de 60% entre os dados de atribuição da Ciphertrace e da Chainalysis”, continua a Ciphertrace. “A Ciphertrace não utiliza a Heurística 2 (comportamental) porque é imprecisa, propensa a erros e excessivamente inclusiva.”

“A Chainalysis não coletou os dados. Estimo que existam centenas de milhões de pontos de dados que não foram verificados.”

Em outro trecho, a Ciphertrace também acusa a Chainalysis de estar manipulando dados para a Receita Federal dos EUA, gerando resultados adequados aos requeridos.

“Entendo que isso significa que os rastreamentos não estavam se alinhando de maneira vantajosa, então a Chainalysis se ofereceu para ajustar seu algoritmo ou dados manualmente para criar um rastreamento mais favorável para a Receita Federal dos EUA.”

Voltando ao caso da Bitcoin Fog, a Ciphertrace aponta que o modelo da Chainalysis é “irresponsável”. O texto segue, apresentando várias falhas encontradas no relatório da concorrente.

“As falhas na análise de blockchain neste caso destacam alguns dos problemas estruturais deste espaço”, conclui Jonelle Still da Ciphertrace. “Para evitar prisões injustas como esta e falhas de conformidade, como acontece com a FTX, recomenda-se que a Chainalysis e suas metodologias de análise de blockchain sejam auditadas de forma independente.”

Defesa pede que desenvolvedor do Bitcoin audite ferramenta da Chainalysis

Além da Ciphertrace, a defesa também recorreu a Bryan Bishop, desenvolvedor do Bitcoin, para auxiliar no caso. Em suma, ela pede que Bishop tenha acesso ao Chainalysis Reactor, ferramenta usada nas análises que levaram Roman Sterlingov à prisão.

A Chainalysis não concordou. Em documento publicado na última sexta-feira (8), a empresa de análise chama o desenvolvedor do Bitcoin de “desqualificado” para tal serviço, citando que não é a pessoa adequada para a revisão.

“A pessoa que o Réu propõe como seu mais recente especialista, Bryan Bishop, não é nenhum especialista, mas sim um incompetente, tendencioso e aparentemente um bio-hacker extremo, cujos projetos atuais parecem envolver experimentos genéticos em vez de projetos de ciência da computação.”

Em outro trecho, a Chainalysis destaca que Bishop já defendeu publicamente o uso de mixers, alvo do processo, e que o desenvolvedor tem “um enorme incentivo para abusar de seu acesso ao Chainalysis”.

“Bishop também afirma ser um digitador rápido”, aponta a Chainalysis. “Isso é preocupante caso a intenção seja tentar colocar o Bishop em uma posição para tentar copiar o código-fonte da Chainalysis com precisão, esteja ele qualificado para analisá-lo ou não.”

Por fim, o réu acabou ficando longe dos holofotes. Afinal, o desenvolvedor desses argumentos pode ter um impacto significativo em toda indústria de análise de transações de criptomoedas, podendo definir a utilização de tais ferramentas em casos futuros.

A defesa completa da Ciphertrace está disponível para todos os interessados. O mesmo acontece com o documento escrito pela Chainalysis sobre o desenvolvedor do Bitcoin.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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