Regulação

“Corretoras de criptomoedas brasileiras não precisam fechar as portas”, diz ABToken

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A Associação Brasileira de Tokenização e Ativos Digitais (ABToken) conversou com a reportagem na segunda-feira (15) e explicou qual a sua visão sobre o atual movimento de regulação do mercado de corretoras de criptomoedas, após o Banco Central do Brasil (BCB) emitir três resoluções em novembro de 2025.

Questionados sobre a atual resolução do Bacen para corretoras, a associação disse em nota que o movimento era esperado. “As novas exigências propostas pelo Banco Central para os Prestadores de Serviços de Ativos Virtuais (PSAVs) têm como objetivo elevar o padrão de segurança, governança e integridade das operações com criptoativos no Brasil. Trata-se de um movimento esperado dentro do processo de amadurecimento do mercado, especialmente após a promulgação do Marco Legal dos Criptoativos“, disse a ABToken.

Na prática, as exchanges e demais PSAVs que já atuam no país precisarão adequar suas estruturas de gestão, controles internos, políticas de prevenção à lavagem de dinheiro, segregação patrimonial e processos de conformidade para atender aos novos parâmetros regulatórios. Esse processo de adaptação tende a demandar investimentos relevantes em auditoria independente, governança corporativa, sistemas de controle e maior transparência operacional, o que naturalmente pode elevar os custos operacionais, sobretudo no curto prazo“, seguiu.

Outro ponto sensível é a definição de capital mínimo acima do que o mercado esperava, além da exigência de diretores estatutários dedicados a áreas específicas como compliance, gestão de riscos e controles internos. Embora essas medidas reforcem a segurança do sistema, elas exigem estruturas mais robustas, que podem ser desafiadoras para empresas de menor porte ou modelos de negócio mais enxutos, como algumas OTCs que precisarão rever sua estrutura operacional“, destacou a associação.

Ao comentar sua visão, a associação deixa claro que vê o movimento como positivo, mas que espera maior clareza normativa do regulador. “A visão da ABToken é de que o avanço regulatório é positivo e necessário, mas deve vir acompanhado de clareza normativa, proporcionalidade e estrita observância aos limites legais. A regulação não pode inviabilizar modelos legítimos de negócio nem gerar insegurança jurídica. É fundamental que o Banco Central considere a diversidade do ecossistema cripto e adote abordagens regulatórias compatíveis com o porte, a complexidade e o risco efetivo de cada tipo de operação, preservando a competitividade do mercado brasileiro e estimulando a inovação responsável“, explica.

Como as empresas não precisam fechar suas operações nem vender e atender à resolução?

Após a publicação das regras pelo Banco Central do Brasil, algumas corretoras de menor valor de operação já anunciaram o fim de suas empresas, visto que não conseguem atender as exigências do regulador.

Contudo, para a ABToken as empresas não precisam correr para fechar seus negócios, e destacou caminhos alternativos para isso. “Embora as novas exigências representem um desafio adicional, especialmente para empresas de menor porte, elas não significam, necessariamente, o fechamento das operações ou a venda compulsória dos negócios. Pelo contrário, quando bem implementadas, essas medidas podem contribuir para o fortalecimento do ecossistema, reduzindo assimetrias, aumentando a confiança dos usuários e incentivando práticas mais sólidas de governança, integridade e transparência“, explicou.

A associação indicou ainda que é um momento de adequação gradual. “Ou seja, o que se exige é um processo de adequação gradual às novas normas, com fortalecimento das estruturas internas e maior alinhamento às exigências regulatórias.

Com a regulação programada para começar em fevereiro de 2026, a ABToken lembrou que é uma norma gradual. “O próprio Banco Central tem sinalizado uma implementação gradual e faseada da regulação, o que faz toda diferença para permitir a adaptação das empresas ao novo arcabouço normativo, evitando choques abruptos e impactos desproporcionais. Esse período de transição é necessário para que as empresas revisem seus modelos operacionais, ajustem estruturas internas e planejem investimentos de forma sustentável“, seguiu explicando.

Associação defende um sandbox regulatório para não eliminar empresas menores

A ABToken explicou ainda que defende uma alternativa prática para defender as empresas menores que atuam no setor, com um sandbox regulatório.

Nesse contexto, a ABToken defende de forma enfática a criação de um sandbox regulatório específico para criptoativos, incluindo operações de OTCs. Atuar em um ambiente controlado e supervisionado pelo Banco Central permitiria a que empresas e instituições testassem com mais tranquilidade produtos, serviços e modelos de negócio inovadores sem a necessidade de cumprir integralmente todas as exigências regulatórias desde o início. Tudo isso ajudaria a conciliar inovação com segurança e ao mesmo tempo, que permitiria escalar negócios com riscos operacionais e regulatórios reduzidos“, explicou.

Por fim, a associação explicou que o processo da regulação não precisa sufocar a inovação. “A ABToken acredita que instrumentos como o Sandbox são essenciais para garantir que a regulação cumpra seu papel de proteger o sistema financeiro e os usuários, sem sufocar a inovação nem concentrar excessivamente o mercado“.

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Gustavo Bertolucci

Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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Gustavo Bertolucci
Tags: ABToken