O mercado de criptomoedas está crescendo no Brasil e, em sua grande parte, impulsionado por traders que veem novas oportunidades de surfar nas ondas de altas dos ativos digitais.
Além disso, devido a crise da COVID-19, a economia brasileira, a maior da américa latina vem sofrendo com resultados negativos e corre risco de não se recuperar rapidamente da crise econômica, que se iniciou desde o início da pandemia no país. Dessa forma, especialistas preveem um aumento da inflação.
Com esse cenário de incertezas no mercado, diversos comerciantes institucionais e investidores estão tentando assegurar suas riquezas utilizando criptomoedas, devido a seu potencial de manter o poder de compra, além de servir como reserva de valor.
Essa movimentação aumentou mais ainda com o lançamento dos ETFs no Brasil.
Criptomercado em alta
Somente no primeiro trimestre de 2021, a maior corretora de criptomoedas do Brasil, Mercado Bitcoin, negociou quase 5 bilhões de dólares em criptomoedas em sua plataforma. Valor esse que é maior do que o negociado na exchange no período entre 2013 a 2020.
O Mercado Bitcoin conseguiu concluir sua primeira rodada de arrecadação de fundos este ano, liderada pela GP Investments e Parallax, e garantiu um investimento de US $ 40 milhões para expandir para outros mercados, disse Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, ao site Coindesk.
“No mercado brasileiro, o crescimento recente se deve à institucionalização do assunto, estimulada pela Coinbase, que levou bancos e até a bolsa brasileira B3 a fazer declarações positivas sobre os investimentos em criptomoedas”, disse Rabelo.
Além disso, grandes exchanges de outros países começaram a lançar operações no Brasil, como a Bitso (México) e Ripio (Argentina), que já havia começado operações no Brasil desde 2016, mas, neste ano, adquiriu a segunda maior exchange do país, a Bitcoin Trade.
ETFs de Criptomoedas no Brasil
Em fevereiro a gestora de recursos Hashdex anunciou o lançamento de um dos primeiros fundos de investimento negociados no mundo e o primeiro do Brasil em criptomoedas, o HASH11.
O ETF criado pela Hashdex junto com a Nasdaq conta com 5 criptomoedas, sendo elas: Bitcoin, Ethereum, Litecoin, Chainlink, Bitcoin Cash e Stellar. O fundo replica o índice de criptos da Nasdaq.
O ETF começou a ser negociado no final de Abril, na bolsa de valores do Brasil, B3.
Não obstante, em março, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aprovou um ETF 100% Bitcoin, criado pela gestora QR Capital. O ETF será negociado no final de maio na B3.
“Estamos vendo muita demanda por bitcoin no que é o início da adoção institucional no Brasil. Portanto, temos uma expectativa muito forte em relação a este produto.”, disse Fernando Carvalho, CEO da QR Capital, ao site Coindesk.
Pouca regulamentação
Mesmo com o crescimento do mercado de criptos no país, as regulações seguem de maneira lenta, exceto por algumas exigências fiscais.
Em 2014, a Receita Federal declarou que as criptomoedas estarão sujeitas a taxação, mas somente se mais de 35 mil reais estiverem envolvidos na liquidação. Em 2019, a Receita Federal passou a exigir que os traders de criptos relatassem transações superiores a 30 mil reais ao tesouro nacional.
Algumas exchanges têm sofrido com a falta de clareza nas regulamentações, principalmente porque os bancos locais estão relutantes em trabalhar com empresas de criptomoedas. Embora isso esteja mudando aos poucos, visto que algumas instituições como o Itaú já estão adentrando no mercado de criptos.
Em 2018, alguns bancos fecharam contas conectadas a exchanges no país, levando a uma investigação no Brasil. Os bancos negaram que tivessem trabalhado juntos para interromper os serviços para empresas de criptomoedas, alegando que as contas foram fechadas devido a violações dos requisitos de combate à lavagem de dinheiro.
A evolução da criptoeconomia no Brasil ainda pode demorar e seguirá uma escala lenta, afinal, iniciativas de criptomoedas e com tecnologias blockchain ainda são vistas com certo ceticismo no país, disse Gustavo Filgueiras, empresário brasileiro que começou a investir em criptomoedas desde 2019.