Um token brasileiro suspeito está sendo vendido para investidores por uma instituição chamada Banco BFS, que alega ser um projeto de cunho social e que a criptomoeda está sendo auditada pela maior corretora do mundo, a Binance.
Com essa justificativa, os criadores do projeto estão vendendo a moeda via PIX para pessoas interessadas, ainda que não tenham feito nenhum registro junto à CVM no Brasil, segundo consulta pelo Livecoins. Vale lembrar que a emissão de tokens no país é uma prática regulada pela autarquia.
Desde 2021, a instituição Banco BFS, que no CNPJ carrega o nome de “Instituto De Fomento Social”, está vendendo a BRCoin, com promessas de lucros expressivos após a compra.
Isso porque, em uma espécie de “Bônus”, a instituição promete que investidores terão retornos de até 3 vezes sobre o investimento, conforme descrito no Whitepaper que o Livecoins obteve acesso.
Como a instituição se apresenta como um banco, a reportagem perguntou ao Banco Central do Brasil se ela tem autorização para funcionamento e se é fiscalizada, mas não recebeu retorno até o fechamento dessa matéria.
Criptomoeda diz que está sendo auditada pela Binance e que potencial de multiplicação é de 10 vezes
O que chama atenção da BRCoin, criada na rede Binance Smart Chain, é que o token só é vendido via PIX ou por transferência bancária para a Caixa Econômica Federal.
Dados da BscScan revelam que pouco mais de 570 carteiras detém o token, contudo, 75% dos 2 bilhões estão apenas em uma carteira, revelando uma alta concentração – um alerta vermelho para qualquer projeto.
E para os próximos dias, líderes da criptomoeda revelam para possíveis investidores que ela será listada na maior corretora do mundo, com potencial até de ser integrada na Binance Launchpool. Com isso, há promessas de que o token poderia se valorizar no mercado, segundo uma live recente feita por promotores do token.
O Livecoins procurou a Binance para saber se a informação é verdadeira, mas a corretora disse que não tem nenhuma relação com o projeto.
Ou seja, não está claro porque o suposto banco está vinculando a imagem da Binance em suas captações.
Internautas são hostilizados pelo perfil da moeda em rede social
Além disso, chama atenção para o tom mais agressivo de captação da BRCoin na última quarta-feira (16), quando utilizando um perfil associado no Instagram chamado “Cripto.Diamante”, prometeu retornos de 50% do valor investido na moeda. Na publicação, o projeto declara ser auditado pela Binance e cada vez mais próximo da listagem.
Com uma promessa de rendimentos alta e totalmente suspeita no mercado, a moeda foi posta no Instagram como golpe por vários internautas que foram maltratados pelo perfil oficial da moeda, com alguns pedindo mais respeito ao lidar com pessoas.
Banco com criptomoedas?
Anos atrás, o Grupo Bitcoin Banco também ofereceu no Brasil investimentos com criptomoedas. Contudo, o esquema chegou ao fim após captar bilhões de brasileiros com a promessa de ganhos fáceis, sendo alvo da PF em 2021, na Operação Daemon.
E no país, poucos bancos trabalham com criptomoedas, sendo esse um mistério ainda maior sobre as atividades do Banco BFS com sede no Espírito Santo, que alega funcionar há 18 anos, embora seu presidente tenha chegado em setembro de 2021.
Em 2021, o Banco BFS chegou a ser veiculado a uma matéria na emissora RedeTV, onde a moeda afirmava ser descentralizada, segura e simples. O vice-presidente do negócio previu na época que a moeda poderia ter uma “alta de até 10 vezes” em apenas 1 ano.
No caso de ser apontada por um golpe por alguns internautas e oferecer rendimentos acima do mercado, o Banco BFS que criou a BRC Coin foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou até o fechamento dessa e o espaço segue em aberto para explicações.