A Circle, emissora da stablecoin USDC, está considerando a possibilidade de reverter transações de sua moeda. As falas foram ditas por Heath Tarbert, presidente da empresa, em conversa com o Financial Times.
A justificativa do executivo são casos de fraudes ou disputas.
Assim como suas concorrentes, a Circle já congela saldos a pedido da justiça. Dados da Dune Analytics mostram US$ 108,8 milhões congelados de 347 endereços.
Como comparação, a Tether já congelou mais de US$ 1,4 bilhões em USDT, um número 13 vezes maior.
Ao contrário do que acontece com criptomoedas como Bitcoin e Ethereum, stablecoins centralizadas são construídas com contratos inteligentes que possuem uma função de congelamento, proibindo que essas moedas sejam movidas.
Circle diz estar pensando em transações reversíveis de USDC
Além de já trabalhar em diversas redes, incluindo Ethereum e Tron, a Circle recentemente lançou sua própria blockchain, chamada Arc, para impulsionar o uso de sua moeda pelo público mainstream.
Em conversa com o Financial Times, Heath Tarbert, presidente da Circle, disse que a empresa está considerando transações reversíveis de sua stablecoin.
“Estamos refletindo sobre… se existe ou não a possibilidade de reversibilidade das transações, mas, ao mesmo tempo, queremos a liquidação definitiva do pagamento.”
“Existe, portanto, uma tensão natural entre a capacidade de transferir algo imediatamente e o fato de torná-lo irrevogável”, disse Tarbert ao Financial Times.
Tal recurso poderia facilitar a integração das stablecoins no mercado tradicional, oferecendo uma solução para disputas, como acontece com cartões e outros meios de pagamento tradicionais.
Dado que Tarbert teve passagens pelo CFTC e pelo Departamento do Tesouro dos EUA antes de voltar ao setor privado, isso pode explicar sua visão.
No entanto, um dos principais benefícios das criptomoedas é justamente a velocidade de liquidação final de uma transação, assim como acontece com o dinheiro físico.
Dado que a Circle já pode congelar saldos em casos extremos, este seria outro ponto que enfraquece a proposta.
Circle quer criar uma rede específica onde participantes concordem com esses termos
Embora a Circle tenha recentemente criado sua própria blockchain, Heath Tarbert aponta que essa funcionalidade não seria aplicada na Arc caso o pensamento avance.
A ideia seria a criação de uma nova camada, onde os participantes aceitem esses termos.
Sobre a centralização da Arc, o executivo destacou que a empresa pode se beneficiar dos dois mundos, adotando, por exemplo, a confidencialidade do setor tradicional no lugar da transparência de blockchains abertas.
“As pessoas dizem que a tecnologia blockchain, stablecoins e contratos inteligentes são superiores tecnologicamente ao sistema atual. Mas há alguns benefícios do sistema atual que não estão necessariamente presentes hoje”, comentou.
Portanto, a ideia das transações reversíveis iria nesta linha de pensamento.