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Empresa de criptomoedas fecha no Brasil por “regulação muito dura”

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O mercado brasileiro de bitcoin e criptomoedas, falando principalmente das corretoras brasileiras e internacionais que atuam no setor, sentiu de uma forma pouco amigável a chegada das resoluções do Banco Central do Brasil, que regulam a Lei 14.478/2022.

Isso porque, as regras endurecem a visão do mercado, colocam um capital mínimo de operações milionário para um ecossistema de startups e fintechs e assim, acaba por inviabilizar negócios. Vale destacar que a regulação prometia atrair empresas ao país, mas algumas das que aqui já existiam podem ter acabado esquecidas.

A reportagem apurou que uma das primeiras a anunciar o seu encerramento é a Crypto Use, uma plataforma que vinha conectando negócios no Brasil e que chegou até a fazer grandes parcerias até com a Binance. A novidade veio a público por meio da figura do fundador, Davi Lopes, que divulgou o encerramento da operação na quarta-feira (3).

Em conversa com o Livecoins, Lopes destacou sua visão sobre o momento, após encerrar publicamente seu negócio no qual tanto trabalhou.

Ao encerrar as operações da Crypto Use, considero importante compartilhar uma reflexão sobre um dos principais desafios que enfrentamos: as novas exigências regulatórias, especialmente relacionadas a capital mínimo e estrutura operacional, que acabaram tornando insustentável a continuidade do projeto no estágio em que estávamos“, explica o empresário.

Nos últimos anos, o Brasil avançou muito na agenda de inovação financeira. O trabalho do Banco Central e dos demais órgãos reguladores tem sido fundamental para trazer segurança, padronização e confiança para o mercado algo essencial para o crescimento saudável do setor“, seguiu.

“Regulação impacta de forma diferente os negócios, de acordo com o porte de cada um”, explica empresário

Ainda encerrando o negócio e em fase de comunicação com os clientes e parceiros, Davi Lopes lembra que a regulação impacta de forma diferente os negócios. Em sua visão, startups brasileiras carecem de financiamento para operar, e a exigência de capital inviabiliza novos negócios.

Ao mesmo tempo, é natural que, em fases iniciais de formulação regulatória, surjam pontos que impactam de maneira diferente empresas de portes distintos. Para startups brasileiras, que geralmente têm acesso limitado a capital de risco, os requisitos de capital mínimo e governança representam um desafio significativo, especialmente quando precisam ser cumpridos integralmente desde o primeiro dia.

No caso da Crypto Use, esse cenário se tornou o principal motivo que nos impediu de dar continuidade ao desenvolvimento da empresa. Não foi uma questão de falta de tecnologia, de mercado ou de capacidade técnica. Foi, sobretudo, a dificuldade de atender às exigências estruturais dentro da realidade financeira de uma startup em crescimento“, explicou Lopes.

Apesar de encerrar suas operações, ele ainda vê a regulação como necessária e positiva, embora sinta falta de uma fase de transição adequada a diferentes negócios.

Quero deixar claro que vejo a regulação como necessária e positiva. O ponto central é a oportunidade de construirmos mecanismos de proporcionalidade e fases de transição, que permitam que empresas menores possam começar de forma mais simples, provar seu modelo, ganhar escala e, somente então, atingir os níveis de capital e governança exigidos para operações maiores.

Esse tipo de abordagem adotada por outras jurisdições inovadoras estimula competição, atrai investimento e fortalece o ecossistema como um todo, sem comprometer a segurança do usuário“, seguiu explicando.

“Brasil tem muito potencial e precisa de calibragem regulatória”

Reconhecido mundialmente como um dos países com a maior adoção de bitcoin e criptomoedas do mundo, o Brasil é uma das regiões com mais investidores e comércios aceitando as moedas digitais.

Assim, Davi Lopes destacou o potencial do país, que precisa de uma regulação que entenda melhor o setor e atenda à demanda de forma responsável.

A experiência da Crypto Use reforça algo que acredito profundamente: o diálogo contínuo entre setor privado, startups e reguladores é essencial para que consigamos criar um ambiente que seja, ao mesmo tempo, seguro e favorável à inovação.

Encerramos um ciclo importante, mas espero que nossa trajetória contribua para esse debate. O Brasil tem potencial para liderar a inovação em pagamentos e Web3, e acredito que ajustes calibrados na abordagem regulatória podem acelerar ainda mais esse caminho“, finalizou.

Em seu Instagram, ele publicou uma mensagem final aos clientes, conduzindo ao fim de um dos primeiros negócios impactado negativamente pelas novas regras do Bacen.

Crypto Use encerra negócio após regras da Lei 14478-2022 exigirem milhões de capital inicial para startups (reprodução).
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Gustavo Bertolucci

Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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Gustavo Bertolucci