Uma empresa regulada na Venezuela acabou sendo uma fachada para um golpe com criptomoedas sendo aplicado contra investidores.
Naquele país as transações com criptomoedas têm acontecido nos últimos anos de forma comum entre pessoas. Mas empresas que se envolvem com o mercado, sejam corretoras ou mineradoras, devem prestar contas ao governo.
Para isso, existe um órgão de fiscalização na Venezuela chamado Sunacrip (Superintendência Nacional de Criptomoedas e Atividades Relacionadas).
Este órgão tem criado regras ao setor e tem como uma de suas atribuições manter o funcionamento da corretora de criptomoedas nacional de Venezuela, a estrutura de mineração feita naquele país, entre outras mais. Mas ao que parece, a regulação do setor não é 100% eficaz no combate aos golpes no mercado.
Venezuela vê golpe com criptomoedas usar a estrutura regulada para enganar investidores
O Diretor do Corpo de Investigações Científicas Penais e Criminais da Venezuela, Douglas Rico, compartilhou nos últimos dias o resultado de uma investigação no país.
Segundo ele, um grupo teria criado uma estrutura legal de se dar golpes em investidores de criptomoedas. Para isso, eles registraram uma empresa na Sunacrip, conseguindo um alvará legal de funcionamento com o órgão do governo.
Após isso, os donos da empresa passaram a conversar com investidores para captar recursos para investimentos promissores com criptomoedas, principalmente via Telegram, aplicativo de mensagens similar ao WhatsApp. Quando os clientes desconfiavam das propostas, eles afirmavam ser legalizados no país, com aval da Sunacrip.
Nos últimos dias, Rico anunciou uma operação contra esse grupo apelidado “Os Falsificadores de Criptoativos“, prendendo três pessoas e quatro celulares utilizados por eles para realizar as transações com investidores.
Eles são acusados também de realizar negociações digitais ilegalmente, e responderão pelos crimes na justiça venezuelana.
Países da região querem regulação
O caso da Venezuela é pontual, sendo um dos poucos registros de golpe no país que teve uma das primeiras regulações de Bitcoin na América Latina. Mesmo assim, mostra que a sombra da regulação não é capaz de conter a onda de golpistas no mercado.
Em vários países da região o debate sobre a regulação foi pautado com a justificativa de se combater golpes, mas isso não se mostra uma total porta fechada contra golpistas.
No Brasil, por exemplo, o debate da regulação do Bitcoin e o setor de criptomoedas está no Senado Federal, após ser aprovado pela Câmara dos Deputados nos últimos dias. Um dos pontos é justamente a necessidade de se regular um mercado para prevenção de golpes que nele habitam.
Na Argentina, outro importante mercado para o setor de criptomoedas no continente, o debate também segue similar, assim como no Chile, Colômbia, Paraguai, entre outros mais.
A justificativa de se regular para coibir crimes pode ser um passo adotado por governos de todo mundo em breve, mas muito pequeno em comparação com a adaptação dos bandidos com as tecnologias inovadoras a sua disposição, o que dá ao debate uma sensação de apenas “tapar o sol com a peneira”, podendo prejudicar as inovações no setor.