Congressistas americanos apresentaram um projeto de lei nesta quinta-feira (29) para que bancos possam fazer custódia de criptomoedas para seus clientes.
Embora a comunidade recomende que investidores façam autocustódia de suas criptomoedas, sem depender de terceiros, pessoas mais leigas ainda preferem confiar a segurança de seus ativos, especialmente em corretoras.
Dado o histórico de escândalos do setor, como o hack e falência da Mt. Gox em 2014 e do golpe e falência da FTX em 2022, essa opção é arriscada.
Sendo assim, a custódia de criptomoedas feita por bancos tradicionais pode chegar como uma alternativa a este problema. No caso dos EUA, que conta com mais de 4 mil bancos, isso também evitaria grandes concentrações nas mãos de poucos players, diminuindo efeitos de eventuais perdas.
Congressistas americanos querem permitir que bancos façam custódia de criptomoedas para seus clientes
O principal argumento apresentado pelos congressistas é justamente a segurança dos investidores. Nas redes sociais, o republicano Mike Flood criticou as resoluções anteriores da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).
“O SAB (Boletim da Equipe de Contabilidade) 121 do presidente [da SEC] Gary Gensler praticamente impediu que os bancos atuassem como custodiantes de ativos digitais”, disse Flood. “Hoje, Wiley Nickel, Cynthia Lummis e eu apresentamos resoluções para revogar o terrível boletim da SEC.”
O projeto de lei é proposto logo após a Comissão aprovar uma dezena de ETFs de Bitcoin à vista. No momento, essas gestoras estão dependentes da Coinbase Custody na administração desses bitcoins, o que pode mudar com esse projeto.
Ou seja, gestoras poderiam escolher bancos para realizar essa função de custódia. Dado o tamanho que os ETFs estão tomando, é possível que grandes instituições bancárias americanas tenham interesse em fornecer esse serviço.
Outro que criticou o SAB 121 foi Patrick McHenry, presidente do Comitê de Serviços Financeiros.
“Existe um acordo bipartidário do SAB 121 que prejudica a proteção do consumidor e deixa vulneráveis os ativos digitais dos clientes. Estou ansioso para que esta medida atravesse a linha de chegada para derrubá-la.”
There is bipartisan agreement SAB 121 undermines consumer protection and leaves customers' digital assets vulnerable.
I look forward to getting this measure across the finish line to overturn it.
Thanks to @USRepMikeFlood, @RepWileyNickel, and @SenLummis for your leadership. https://t.co/otlpBnnMWW
— Patrick McHenry (@PatrickMcHenry) February 1, 2024
Ao que tudo indica, as criptomoedas estão criando raízes fortes nos EUA. Além de ser atualmente o polo da mineração de Bitcoin, ETFs americanos já detém mais de 750.000 bitcoins (cerca de 3,6% da oferta total) e o governo possui 215.000 bitcoins (R$ 66,6 bilhões) confiscados de criminosos.
Indo além, a discussão já chegou até mesmo às campanhas presidenciais. Donald Trump, principal concorrente de Joe Biden, até mesmo mudou de opinião sobre o Bitcoin recentemente.
Segundo pesquisas recentes, 20% dos americanos investem em criptomoedas. Ou seja, são votos que podem decidir a próxima eleição americana.