Em declaração pública, Mairead McGuinness, comissária de serviços financeiros da União Europeia, disse, na última quarta-feira (19), que o Euro digital, moeda digital emitida por banco central (CBDC) do bloco, não é um “big brother”.
De acordo com ela, a moeda deverá chegar como um veículo financeiro de pagamentos. Ou seja, negou qualquer rumor de criação de instrumento de vigilância em massa das pessoas.
Desde que o assunto CBDC chegou, muitos se preocupam com a segurança dos sistemas. Criadas por bancos centrais, tais moedas buscam rivalizar com as criptomoedas, que possuem tecnologias descentralizadas.
CBDCs como big brother
O termo “big brother” ganhou o mundo com o livro 1984, escrito por George Orwell. O romance, publicado em 1949, imaginava um mundo totalitário, onde o governo central controlava a vida das pessoas a todo o momento.
A figura do big brother então ganhou fama e com o tempo o conceito se assimilou a programas de reality show, onde pessoas confinadas são vigiadas 24 horas por dia pelos telespectadores.
Associado ao conceito de CBDC, que são as moedas digitais criadas por bancos centrais, o termo indicaria que o governo pode vigiar todas as transações da população. Assim, muitos temem que com a chegada das novas moedas, como o próprio Real digital, por exemplo, a privacidade do dinheiro seja perdida.
Além da comissária da União Europeia, muitos bancos centrais tentam evitar a associação de um big brother com suas próprias moedas digitais.
O que de fato chamou atenção para a fala da comissária, contudo, é que o próprio Banco Central Europeu (BCE) não confirmou ainda a criação de um Euro digital. Ou seja, não está claro se há um projeto em curso, ou se ela tratou do tema da moeda como um projeto futuro.
Criptomoedas são globais e os países têm que se unir sobre o tema, diz comissária
Nesta quinta-feira (20), o Parlamento Europeu deve votar a regulação das criptomoedas nos países que compõem o bloco. As atenções dos reguladores estão voltadas a regras que deverão ser aplicadas por empresas e plataformas do setor.
Em discurso no Parlamento Europeu, a comissária Mairead McGuinness defendeu a aprovação das regras para proteção dos consumidores e do mercado financeiro.
Além disso, ela pediu que as regras criadas pelo bloco sejam observadas e adotadas por outros países. Em sua visão, como as regras criada na zona do Euro devem ter aprovação das grandes potências, outros países devem adotar a estrutura regulatória em suas jurisdições.
A pressão sobre o mercado de criptomoedas piorou após o ano de 2022, quando muitas plataformas deram calotes no mercado. Um dos maiores exemplos citados por autoridades de todo o mundo é a FTX, que chegou a alcançar o posto de segunda maior corretora cripto.
De qualquer forma, as novas regras criadas na Europa, que devem ser aprovadas nesta quinta, mostram pressa na regulação do mercado.