Um ex-agente da DGSI da França, agência equivalente à CIA dos EUA, foi condenado a três anos de prisão após desviar fundos que deveriam ir para terceiros. Considerado um “especialista em criptomoedas”, o ex-agente teria usado parte do dinheiro para minerar Bitcoin.
Embora só tenha sido revelado pela mídia francesa nesta terça-feira (6), os supostos crimes cometidos pelo ex-agente da DGSI aconteceram entre os anos de 2009 e 2016. No período, a mineração de Bitcoin não exigia hardwares caros e o preço do ativo flutuou entre zero e US$ 1.165, o que explica os lucros milionários.
A investigação foi aberta em 2020 e o ex-agente foi julgado em 2022. A DGSI teria tentado ocultar o caso do conhecimento público. Portanto, isso explica o atraso das informações relacionadas à sua prisão.
Ex-agente da DGSI da França é condenado por desviar fundos e minerar Bitcoin
A Direção-Geral de Segurança Interna da França (DGSI), agência de inteligência da França, está tendo uma semana complicada. Segundo a mídia local, um de seus ex-agentes foi preso após desviar € 92.000 (R$ 490.000).
Uma das funções do ex-agente da DGSI era recrutar hacker para se infiltrarem em sites de propaganda de terroristas jihadistas. No entanto, ao invés de pagar a quantia integral aos hackers, o ex-agente desviava parte do dinheiro para seu bolso.
“Encontrei-me com ele várias vezes”, contou um dos hackers aos jornais franceses BFMTV e Mediapart. “Ele era meu agente comercial. Recebi pequenas quantias de até 2.000 euros.”
“Mas percebi, durante a minha audiência […] que ele tinha ficado com boa parte do dinheiro que me era destinado.”
Os valores, no entanto, podem ser muito maiores. Continuando seu texto, a BFMTV afirma que o ex-agente se tornou um especialista em criptomoedas e os valores reais ultrapassam a soma de 1 milhão de euros (R$ 5,3 milhões).
Além de utilizar documentos falsos para abrir contas bancárias, a principal acusação é que o ex-agente usou o dinheiro desviado para montar uma operação de mineração de Bitcoin.
Na data em que trabalhou na DGSI, entre 2009 e 2016, a atividade de mineração era realizada com computadores normais, incluindo processadores e placas de vídeo comuns. Conforme o Bitcoin valia muito pouco nesse período, tendo valorizado ao longo dos anos, isso explica a soma milionária mencionada.
Por fim, outros agentes que trabalharam com ele também foram detidos. No entanto, nenhum deles foi processado nesse caso.
Ex-agente não quer comentar sobre o assunto e diz que caso foi resolvido
Alguns jornais franceses entraram em contato com o ex-agente, mas não tiveram grandes respostas. Agora com 52 anos, ele afirmou “não querer voltar a um processo que foi julgado em definitivo e que, portanto, está arquivado”.
“Além disso, não posso negar nem confirmar as suas informações relativas às minhas funções anteriores devido ao seu carácter confidencial que me proíbe de discuti-las”, continuou o ex-agente da DGSI à BFMTV.
Segundo informações, o ex-agente precisou pagar uma multa de 1.000 euros e teve seu carro da marca BMW apreendido. Não há informações sobre o confisco de seus bitcoins, tampouco os valores exatos que passaram por suas mãos.