Considerado um dos economistas mais influentes do Brasil, Armínio Fraga participou de um evento na tarde da última quarta-feira (16). Durante o evento, o ex-presidente do Banco Central afirmou que duvida que o Bitcoin seja adotado em larga escala no país.
O evento foi promovido pelo Instituto ProPague, que é uma iniciativa da empresa Stone. Nos últimos dias, vários eventos do instituto tem movimentado o mercado financeiro, com discussões importantes aos brasileiros.
Armínio de fato é conhecido por ter assumido o BC em uma época conturbada, no final da segunda gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1999. Foi Armínio, inclusive, que criou o sistema de metas de inflação, utilizado até hoje no Brasil.
Ex-presidente do BC, Armínio Fraga duvida que adoção de Bitcoin no Brasil seja ampla, apesar de tecnologia ser interessante
O evento “Retomada Econômica, Tecnologia e Inclusão Financeira”, promovido pelo Instituto ProPague aconteceu na tarde da última quarta. Reunindo dois grandes nomes da economia nacional, Armínio Fraga e José Alexandre Sheinckman, o evento abordou temas importantes para o futuro do Brasil.
Além disso, em dado momento, Armínio Fraga conversou sobre as criptomoedas. Afirmando ser a primeira vez que falava sobre o tema publicamente, Armínio foi questionado sobre a diferença da política monetária feita com moedas digitais.
Cabe ressalvar que o Banco Central do Brasil anunciou que a moeda digital nacional está sendo estudada atualmente. De acordo com Armínio, o mundo hoje já é digital e as moedas físicas facilitam muito o crime.
“Essa coisa da moeda digital, Eu acho que isso nasceu com o Bitcoin e com a coisa dos modelos de controle chamados distribuídos, sem autoridade central, um negócio muito interessante, muito charmoso, com elementos técnicos complexos”, afirmou Armínio
Contudo, o famoso economista brasileiro afirmou que um país pode criar uma moeda digital mais forte que o Bitcoin. Nesse ponto, uma moeda fiduciária digital poderia uma solução a principal criptomoeda do mundo.
“Bitcoin é caro e com valor instável”, apontou Armínio Fraga
Armínio ainda comentou sobre o preço do Bitcoin, afirmando que a unidade da moeda é cara. Isso porque, cada unidade de Bitcoin é cotado hoje em U$ 10800, ou ainda R$ 56700.
Mostrando um conhecimento da negociação da moeda, Armínio ainda declarou que o preço do Bitcoin é muito instável. O Bitcoin de fato é reconhecido por sua volatilidade no preço, entretanto, como uma moeda descentralizada, seu valor é feito pelo livre mercado, ou seja, pela lei da oferta e procura.
Armínio afirmou ainda que o Bitcoin atraiu os libertários para seu ecossistema. Conhecidos por não gostarem de envolvimentos com governos os libertários se opõem ao estado e consequentemente às moedas estatais. O ex-presidente do BC afirmou que muitos migraram do padrão ouro para o Bitcoin nos últimos anos.
Por fim, Armínio declarou que os “Bancos Centrais viraram os resolvedores de todos os problemas e detém muito poder, que deverá continuar a ser exercido”. Dessa forma, a moeda digital não deve mudar muito a realidade da política monetária e deve ser integrada aos bancos centrais.
“Moeda privada precisa ser uma stablecoin”, declarou José Alexandre Sheinckman
O mediador do debate, Vinicius Carrasco, perguntou para José Alexandre Sheinckman sobre as stablecoins. José pôde falar sobre as moedas privadas que têm sido criadas nos últimos anos, principalmente aquelas com valor estável.
De acordo com José Alexandre, o Bitcoin é muito volátil, o que impede seu uso no cotidiano como moeda. Contudo, as chamadas stablecoins seriam mais interessantes nesse ponto, pois não variam seu valor.
José Alexandre identificou que as stablecoins privadas podem oferecer vários riscos. Um deles seria a de fazer frente aos bancos centrais, com uma instituição privada se tornando muito poderosa com essa emissão de moedas. Dessa forma, José não acredita que será fácil para uma instituição criar um padrão de moedas sem sofrer com desconfianças.
Essa desconfiança, inclusive, pode ter sido o que levou a Libra do Facebook a receber imposições no mundo, apontou José. Os economistas apontaram que dar forças a uma empresa privada, como a emissão de dinheiro, poderia ser perigoso para os estados.
Confira o evento na íntegra pelo vídeo abaixo: