Pavel Durov, fundador do Telegram, revelou nesta terça-feira (16) que investe em Bitcoin há mais de 10 anos e tem centenas de milhões de dólares na criptomoeda. No entanto, o programador não falou isso para se exibir, deixando claro que não possui casas de luxo ou iates e que seu foco é a sua liberdade.
Na conversa com Tucker Carlson, jornalista que recentemente entrevistou o presidente russo Vladmir Putin, Durov também falou sobre os EUA e a Rússia, país que abandonou após problemas com as autoridades locais.
Nas últimas semanas, a Toncoin (TON), criptomoeda apoiada pelo Telegram, entrou para o top 10 do mercado. Atualmente na 8ª posição após ultrapassar Dogecoin (DOGE) e Cardano (ADA), a TON detém um valor de mercado de US$ 21 bilhões.
Fundador do Telegram conta história de sua vida
Com cerca de uma hora de duração, a conversa começou com Pavel Durov contando a trajetória de sua vida. Nascido na União Soviética em 1984, o desenvolvedor conta que enxergava o capitalismo de livre mercado como um sistema muito melhor que o socialismo.
Após se mudar com a Itália com sua família, eles retornaram à Rússia após o colapso da URSS. Aos 21 anos Durov criou a rede social VK, chamado por alguns como “o Facebook da Rússia”, mas foi aí que seus problemas começaram.
“Eu era um grande crente nos valores do livre mercado e liberdade de expressão, então quando a oposição russa começou a usar o VK para organizar grandes protestos na Rússia […] o governo pediu para nós banirmos essas comunidades e eu recusei.”
Como resultado, o desenvolvedor conta que precisou tomar uma decisão difícil, vendendo sua participação na empresa e então saindo do país.
“Foi um pouco doloroso, porque minha primeira empresa era meu bebê, mas, ao mesmo tempo, eu prefiro ser livre do que aceitar ordens de alguém”, comentou Durov. “Provavelmente abandonei uma vida confortável, mas para mim nunca foi sobre enriquecer, tudo em minha vida é sobre se tornar livre.”
“Nessa medida, é possível que minha missão de vida seja permitir que outras pessoas também se tornem livre de alguma forma, usando as plataformas que criei para expressar suas liberdades.”
Ao invés de se aposentar, Durov criou o Telegram. Segundo o desenvolvedor a ideia nasceu ainda na Rússia quando ele percebeu que não existia um canal de comunicação seguro e contou com a ajuda de seu irmão, especialista em criptografia.
Enquanto a Rússia não lhe serviu de casa, o mesmo aconteceu nos EUA. Além de que São Francisco foi o único local onde ele foi assaltado, Durov conta que o FBI tentou contratar um engenheiro do Telegram secretamente. Questionado se eles queriam realmente contratá-lo ou apenas invadir o Telegram, o desenvolvedor apontou para a segunda opção.
“Eles estavam interessados em saber quais bibliotecas de código abertos são integradas no aplicativo do Telegram e eles tentaram persuadi-lo para usar certas ferramentas de código aberto no código do Telegram”, comentou Durov. “Ao meu entendimento, isso serviria como um backdoor.”
“Não há motivos para meu engenheiro ter mentido, também passei por situações parecidas. Um dia estava tomando café às 9 da manhã e o FBI apareceu na casa que eu havia alugado.”
Atualmente os escritórios do Telegram estão localizados em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Dentre os motivos citados pela escolha, Durov citou a facilidade de fazer negócios no país, impostos e também a infraestrutura local.
Fundador do Telegram fala sobre Bitcoin e liberdade
Ao longo da conversa, Tucker Carlson começa com perguntas mais pessoais. Como exemplo, o entrevistador nota que é difícil ver uma única pessoa ser dona de uma grande empresa, como acontece com Pavel Durov e o Telegram, questionando porque ele não aceitou investimentos de terceiros.
“A razão… Tento ficar longe do dinheiro de empresas de capital de risco”, respondeu Durov, notando que desejam ser independentes em seus primeiros passos. “Sabíamos que nossa missão não são necessariamente consistentes com as metas de fundos que poderiam investir em nós.”
“Para mim também nunca foi sobre dinheiro. Tenho algumas centenas de milhões de dólares em minha conta bancária ou em Bitcoin há 10 anos e eu não faço nada com isso. Não tenho imóveis, jet skis ou iates, não acredito que esse seja um estilo de vida para mim.”
Questionado sobre o motivo dessa decisão, Durov responde que sua maior prioridade na vida é a sua liberdade. “Assim que você começa a comprar coisas, primeiro isso vai lhe prender a um lugar e segundo porque gosto de estar focado no que estamos fazendo no Telegram”, finalizou.
Segundo o desenvolvedor, hoje o Telegram está com 900 milhões de usuários e cresce 2,5 milhões por dia, sem qualquer investimento para atrair novas pessoas. A entrevista completa pode ser assistida abaixo.