Segundo um gestor de dados do Arquivo Nacional do Reino Unido, a integridade dos arquivos digitais com uso da blockchain é muito maior. John Sheridan participou da 5.ª Semana Nacional de Arquivos, evento organizado pelo Arquivo Nacional, órgão público ligado ao Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJ).
Iniciada na última segunda-feira (7), o evento está reunido pelo segundo ano consecutivo em formato digital. Vale o destaque que na próxima quarta (9), o Dia Internacional dos Arquivos marca uma importante data para este setor.
O tema da edição 2021 é “Emponderando Arquivos”, buscando atrair especialistas em diversos debates, que irão até a próxima sexta (11). Além de lives entre os participantes, seminários, cursos, exposições, entre outros, fazem parte do evento.
Reunindo 230 instituições de memória, um aumento de 31% da edição anterior, o MJ destacou que o evento é um recorde nesta edição. De acordo com a diretora-geral do Arquivo Naciona, Neide de Sordi, os temas do evento priorizam o acesso à informação.
“Esses temas priorizados pelo Conselho são princípios de Governo Aberto, que estão associados ao acesso à informação. Empoderar arquivos é colocá-los no centro dessas questões”, disse Neide
Integridade dos arquivos digitais com a tecnologia blockchain é muito maior, aponta diretor de Arquivo Nacional do Reino Unido
O uso da blockchain começou com as criptomoedas, mas logo se expandiu para outras funcionalidades. Essa é a visão de John Sheridan, diretor digital do Arquivo Nacional do Reino Unido (The National Archives – TNA UK), que abriu a 5.ª Semana Nacional de Arquivos no Brasil.
De acordo com John, os governos teriam o compromisso de preservar a integridade de documentos. Contudo, com a digitalização dos documentos, o processo se torna cada vez mais um desafio a ser cumprido.
Para o diretor, o ambiente digital permite infinitas possibilidades de adulteração e replicação de dados, como exemplo principal as chamadas Deep Fakes. Dessa forma, o número de replicações falsas de conteúdo teria crescido assustadoramente, no mundo todo.
Para Sheridan, segundo o MJ, o uso do ““blockchain” poderia viabilizar o rastreamento do envio e recebimento das informações, gerando uma “impressão digital” capaz de demonstrar, com o apoio de recursos de Inteligência Artificial, o conteúdo imutável dos documentos digitais“.
Com alguns testes que foram realizados por uma ferramenta do Arquivo Nacional do Reino Unico, que também utiliza a inteligência artificial, foi possível detectar, com 95% de precisão, a adulteração de poucos segundos em um vídeo de várias horas.
Projeto Archangel teria intenção de garantir proveniência dos dados
Em desenvolvimento pelo Arquivo Nacional do Reino Unido, o projeto chamado de Archangel tem a participação ainda do Open Data Institute e da Universidade de Surrey, na Inglaterra.
Com a solução, os testes tentam garantir a proveniência dos dados produzidos e geridos em órgãos oficiais, que depois são armazenados em entidades de guarda. Segundo o Arquivo Nacional do Brasil, este é um princípio básico do universo dos arquivos, que permite reconhecer a origem e autenticidade dos documentos.
Já Sheridan, afirmou que o projeto Archangel utiliza inteligência artificial aliada a blockchain, sendo capaz de demonstrar o conteúdo imutável dos documentos digitais. Parceiro do Arquivo Nacional do Brasil, o órgão do Reino Unido ainda estaria testanto a solução.