Com o Bitcoin atingindo níveis históricos, semana após semana, a euforia tomou conta do mercado em 2021. Enquanto empresas do setor buscavam por mão de obra para atender um número crescente de clientes, os mais audaciosos se lançavam em projetos paralelos, especialmente de NFT.
Recapitulando, o Bitcoin bateu 65 mil dólares em abril do ano passado, seguido por uma forte queda até os US$ 28.600 em junho. No entanto, cinco meses depois, o bitcoin já estava de volta, com outro recorde, chegando aos US$ 69.000.
As criptomoedas pareciam invencíveis e até mesmo o homem mais rico do mundo concordava com isso. Enquanto o Bitcoin soava como uma solução para a inflação, que atingiu muitos países, até mesmo o Facebook fez um novo setor explodir, o metaverso.
No entanto, o Banco Central dos EUA entrou em cena, começando a elevar a taxa de juros para fortalecer o dólar. Desde então o Bitcoin vem caindo, mês após mês. Já outros projetos até mesmo desapareceram.
As pessoas que largaram seus empregos para trabalhar no mercado de criptomoedas
Dado o cenário, a Vice expôs a situação atual das pessoas que abandonaram seus empregos sólidos para viver o sonho de um mundo mais descentralizado durante o bull run de 2021, mas acabaram entrando em uma montanha-russa que só parece descer.
Uma dessas pessoas, Raihan Anwar, comentou que o entusiasmo diminuiu bastante. “As pessoas que costumavam pronunciar a palavra ‘sem confiança’ a cada duas frases, talvez agora estejam [dizendo isso] a cada dois parágrafos.”
Além da queda de preços, todo falatório sobre metaverso, jogos P2E e web3 também sumiu, dando espaço para manchetes sobre demissões em massa, falência de gigantes da mineração, bem como golpes de corretoras que torravam os fundos de seus clientes como se fossem psicopatas.
“A confiança são as pessoas. Você não pode usar um ‘contrato inteligente’ para escapar de mentirosos, trapaceiros e vigaristas”, continuou Anwar.
No entanto, a revista aponta que o sonho continua vivo, embora mais silencioso. Conforme a matéria, a maioria das pessoas vê este bear market como um teste, separando os verdadeiros interessados no potencial das criptomoedas daqueles que só estavam buscando dinheiro.
“Muitos dos talentos tecnológicos que entraram no espaço no último ano vieram e ficaram porque este é um experimento e uma experiência muito interessantes de se ver”, finalizou Anwar.
Menos trabalho, mais foco
Já Lily Nguyen, outra entrevistada pela Vice, lembra que durante o bull market de 2021 estava trabalhando sem parar, incluindo extras nas noites de sábado e reuniões aleatórias às 11 da noite.
Sobre a atual situação, a designer de produto comenta que agora está com “menos distrações”. Ou seja, isso permite que seu trabalho seja mais tranquilo, focando no que realmente interessa.
“Acredito que há uma chance de que as criptomoedas tenham algo a ver com [esse objetivo de criar uma internet melhor]”, finaliza Nguyen. “É uma bala mágica? Provavelmente não, mas pelo menos tentarei deixar uma marca? Sim.”
Em suma, o mercado passou por uma grande limpa no último ano. Projetos medíocres foram abandonados, golpistas foram desmascarados e, no final das contas, restaram aqueles apaixonados pelo que estão fazendo.
Portanto, muitos comparam as criptomoedas à internet dos anos 90, citando que boa parte do setor acabará em cinzas. No entanto, é notável que seus sobreviventes devem surgir como Amazon e Google fizeram nas últimas décadas.
