A premiação de “Melhor banqueiro central de 2020” premiou Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central do Brasil. De acordo com a revista The Banker, o Brasil se saiu melhor do que esperado da crise provocada pela pandemia da COVID-19.
Com previsões de retração de 9% na América Latina, feitas pelo FMI, o ano fechou melhor que o esperado. Isso porque, segundo a The Banker, o Banco Central do Brasil liderou a região para um caminho de retomada de crescimento.
O editorial da revista destacou que o Brasil respondeu à crise, com medidas inéditas e eficazes. Dessa forma, a liquidez do mercado financeiro não foi prejudicada e pequenos negócios conseguiram se manter de pé.
Roberto Campos Neto foi premiado na categoria Global e Américas, sendo destaque como melhor banqueiro central. Em conversa com a revista, Campos Neto destacou que a crise trouxe desafios que foram superados, colocando uma projeção de que o PIB deve subir 3,5% em 2021.
Para ajudar no crescimento, o presidente do Bacen destacou a importância da tecnologia. Ferramentas como o PIX, por exemplo, foram implementadas pelo BC em plena pandemia e ajudaram o mercado a transferir recursos com mais celeridade.
A premiação foi comemorada por membros do governo, como o Ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que destacou a “democratização do crédito” pelo BC. Ministra da Agricultura, Tereza Cristina também parabenizou Campos Neto pela premiação.
O governo comemorou o fechamento do ano de 2020, que poderia ter sido pior. Mas nem todos se mostram satisfeitos com resultado da economia, principalmente no câmbio.
Premiação de “melhor banqueiro de 2020” é alvo de críticas por economista austríaco brasileiro
Para o economista austríaco brasileiro Fernando Ulrich, a premiação de Campos Neto ainda não faz muito sentido. De acordo com ele, critérios como a estabilidade da moeda no câmbio deveriam ter sido analisados pela The Banker.
Isso porque, o Real brasileiro perdeu 29% de valor em relação ao Dólar no ano de 2020. Dos países emergentes, o Real acabou ficando como uma das piores moedas em um ranking. Desse modo, a moeda brasileira fechou o ano com desempenho próximo ao Peso argentino, pior até que a Lira turca.
Já em relação a todos os países, o Brasil fechou o ano na posição 137 de moedas mais desvalorizadas. Vale o destaque que existem cerca de 190 moedas fiduciárias no mundo hoje, ou seja, o Real é uma das piores do mundo hoje.
Eu vejo este ranking e não consigo conciliá-lo com o prêmio do RCN de melhor banqueiro central de 2020.
Talvez meus critérios estejam ultrapassados, e a estabilidade da moeda já não é mais o mandato principal da autoridade monetária. pic.twitter.com/Y9qXddIByF
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) January 3, 2021
Segundo Ulrich, ver a The Banker premiar o presidente do BC do Brasil não faria sentido com uma moeda tão ruim quanto o Real. Ulrich destacou que o IPCA, medida oficial da inflação no governo, também pode ter passado despercebida pela avaliação do editorial da revista.
Para confrontar o crescimento das criptomoedas no Brasil, o BC criou o PIX, que ajudou a facilitar transações entre bancos. Mesmo assim, a ferramenta só foi implementada de fato em novembro, ou seja, no final daquele ano, apesar do destaque dado na revista.
De qualquer forma, o BC do Brasil ganhou destaque internacional pela sua atuação, ainda que com ressalvas.