A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-fera (7), a Operação SYMBOLIC, visando combater fraudes cambiais, evasão de divisas e lavagem de dinheiro com criptomoedas relacionadas à intermediação de pagamentos para plataformas de apostas e investimentos no exterior. De acordo a PF, a operação é uma continuação da Operação HARVEST de março de 2022.
Foram realizadas ações nas cidades de Curitiba, Campinas e São Paulo, incluindo cinco mandados de busca e apreensão, além de ordens judiciais para bloquear bens e valores dos envolvidos, que podem chegar a R$ 620 milhões.
O foco das investigações é um brasileiro residente em Montevidéu, Uruguai, que administra um grupo de empresas em Santana do Livramento.
As empresas, que movimentaram cerca de R$ 15 bilhões entre 2019 e 2023, são suspeitas de atuar na intermediação de pagamentos para casas de apostas e plataformas de investimento estrangeiras, utilizando processos informais de envio de dinheiro ao exterior e de lavagem de dinheiro.
🚨PF deflagra operação contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro por meio de criptomoedas e fraudes cambiais.
Uma corretora e um banco de câmbio são investigados por possível envolvimento nas transações ilegais.
"As remessas de dinheiro ao exterior se davam, em sua maior… pic.twitter.com/PJDscy8odF
— Livecoins (@livecoinsBR) February 7, 2024
Criptomoedas
A investigação aponta que o grupo mantinha relações com indivíduos no Brasil, Argentina e Espanha, e utilizava tanto o mercado de câmbio formal quanto operações informais, como o dólar-cabo e criptomoedas, para realizar as remessas de dinheiro.
Além do principal investigado, a operação também examina o envolvimento de uma corretora de criptomoedas e um banco de câmbio, bem como de empresas não diretamente ligadas ao esquema, que eram utilizadas para movimentar os recursos e burlar os sistemas de controle financeiro.
“As remessas de dinheiro ao exterior se davam, em sua maior parcela, de maneira informal ou irregular, via dólar-cabo ou mercado de criptoativos. O grupo mantinha um fundo estrangeiro responsável pela compensação remota de pagamentos no exterior. Paralelamente, o grupo investigado contava com o apoio de uma exchange de criptoativos para efetuar a remessa de valores ao exterior de maneira totalmente informal.” diz a PF.
A Polícia Federal também disse que as empresas não diretamente ligadas à organização eram usadas para movimentar parcelas dos recursos de forma a burlar os sistemas de controle e de compliance dos bancos, bem como dissimular essas movimentações financeiras.
Há suspeitas de que essas ferramentas de intermediação financeira serviam para a lavagem de capitais de pessoas vinculadas a práticas de estelionato eletrônico e de tráfico de drogas, por exemplo.
A Operação SYMBOLIC é o resultado de uma colaboração entre a Delegacia de Polícia Federal em Santana do Livramento e o Grupo de Investigação para Repressão à Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros (LAFIN/RS).