Conforme a regulação do setor de criptomoedas é atualmente um dos principais assuntos do mercado, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) é o órgão mais lembrado — e temido — por investidores e grandes players.
Portanto, as falas de seu presidente, Gary Gensler, merecem total atenção. Em entrevista com a New York Magazine, publicada na última quinta-feira (23), Gensler mostrou estar se tornando um maximalista do Bitcoin.
Em suma, o presidente da SEC afirma que existe o Bitcoin e então existem todas as outras criptomoedas, apontando que apesar de parecerem estar na mesma classe de ativos, eles são bem diferentes. Tal pensamento é antigo, mas vindo de Gensler, pode moldar toda a indústria caso tenha apoio de outros reguladores.
Seria Gary Gensler um de nós?
Gary Genslers já havia surpreendido o mercado no início deste mês ao usar um famoso bordão criado pela comunidade: not your keys, not your coins. Em tradução livre, se as chaves não são suas, as moedas não são suas.
O alerta mostrou que o presidente da SEC está investindo seu tempo para entender o mercado, tentando manter um diálogo mais natural com a indústria.
Já na última quinta-feira (23), Gensler voltou a soar como um veterano das criptomoedas. Caso a citação abaixo não levasse seu nome, poderíamos imaginar que teria sido dita por Michael Saylor, Max Keiser ou qualquer outro maximalista do Bitcoin.
“Em todas [criptomoedas], exceto o Bitcoin, você pode encontrar um site, você pode encontrar um grupo de empresários, eles podem estabelecer suas entidades legais em um paraíso fiscal offshore, eles podem ter uma fundação, eles podem advogar para tentar arbitragem e tornar isso difícil jurisdicionalmente.”
Explicando melhor, Gensler argumentou que “esses tokens são valores mobiliários porque há um grupo no meio e o público está antecipando lucros com base nesse grupo.”
Sendo assim, o pensamento do presidente da SEC aponta que devemos esperar uma regulamentação mais ampla sobre o setor, o que pode aumentar a lista de projetos processados pela agência, incluindo o Ethereum, segunda maior criptomoeda do mercado.
Outras agências discordam da opinião do presidente da SEC
Apesar de todo poder da SEC, a Comissão não pode fazer o que bem entende. Por exemplo, as opiniões de Rostin Behnam, presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) parecem colocar um limite no poder de Gensler.
Em uma entrevista no ano passado, Behnam revelou acreditar que o Ethereum “é uma commodity, e o presidente Gensler pensa o oposto”, deixando o ativo em uma zona cinzenta, junto a tantos outros projetos.
Sobre a CFTC, no qual foi presidente durante o governo Obama, Gensler mostrou respeito a mesma na última quinta-feira (23), deixando transparecer que está aberto a escutar opiniões contrárias antes de tomar uma decisão.
“Adoro a CFTC”, disse Gensler à NY Mag. “Você não vai me fazer dizer nada negativo sobre. Ela está no meu sangue.”
De qualquer forma, ambas agências parecem concordar em um único ponto, o Bitcoin ser uma commodity. Ou seja, um produto, assim como o ouro.
Portanto, o Bitcoin não deve ser afetado por futuras pressões regulatórias, pelo contrário, pode até mesmo ser beneficiado. Afinal, tudo indica que esta é a única criptomoeda na qual os reguladores não têm interesse nenhum em interferir.