30 dias. Esse foi o prazo que a justiça de Nova Escócia deu para a exchange de criptomoedas QuadrigaCX solucionar sua dívida de U$ 190 milhões com os investidores. A quantia ficou bloqueada após a morte inesperada do seu fundador e CEO, Gerald Cotten, única pessoa com acesso às senhas das carteiras frias.
Durante audiência realizada na última terça-feira, o juiz da Suprema Corte, Michael Wood, acatou a solicitação da empresa de proteção contra credores, suspendendo quaisquer ações judiciais contra a QuadrigaCX neste momento.
O prazo dá um fôlego para que a empresa possa tentar recuperar as reservas de criptomoedas perdidas, além de desbloquear suas participações em moeda fiat junto aos bancos (em torno de US$ 70 milhões) e procurar outros ativos que possam gerar receita.
Questionamentos
Desde a última matéria sobre a QuadrigaCX que publicamos aqui no Livecoins, o site da empresa, que permanece off-line e sem prazo para voltar à ativa, acrescentou novas informações sobre o processo, além de um campo com as perguntas e respostas mais frequentes.
No comunicado, a equipe informa estar trabalhando arduamente junto a “consultores externos” para acessar as carteiras frias, acrescentando que algumas moedas já foram localizadas, “mas não muitas”.
Questionada se a ordem de proteção contra o credor será estendida, a empresa responde que o foco está direcionado para esses 30 dias iniciais, bem como para a “definição de um plano para lidar com as obrigações dos nossos clientes”.
Mistérios e especulações
Novas pesquisas colocam sob suspeita a existência da carteira de bitcoin da QuadrigaCX e da quantia milionária em criptoativos que a empresa afirma possuir.
De acordo com o portal CCN, um trabalho de investigação realizado pela Zerononcense e apresentado sob o pseudônimo de “ProofofResearch”, constatou que, dos 31 endereços de bitcoin da empresa, não há qualquer prova da existência da cold wallet.
O argumento foi endossado pela CEO da MyCrypto, Taylor Monahan, ao descobrir que a QuadrigaCX não possui uma carteira fria de ethereum que armazena fundos dos usuários.
Em entrevista para o podcast Unconfirmed, Monahan disse ter analisado detalhadamente os endereços das carteiras informadas pela própria exchange. Mas segundo ela, nada foi encontrado.
“Você examinar todo o histórico das transações. Você pode seguir o dinheiro”, comentou Monahan, acrescentando que “em minhas pesquisas, eu não encontrei nenhuma pilha de dinheiro armazenada em lugar nenhum”.
Para a CEO da MyCrypto, as criptomoedas podem estar em alguma carteira ainda não localizada. “É por isso que continuo mergulhando fundo no histórico de transações e tentando encontrar o dinheiro”, pondera.
Gerald Cotten morreu de forma inesperada, no dia 9 de dezembro de 2018, devido a complicações da doença de Crohn, em Jaipur, na Índia. 12 dias antes de sua morte, porém, ele preparou um testamento deixando todos os bens para sua esposa Jennifer Robertson. Eles não tiveram filhos.
Dentre os bens listados no documento, constam propriedades em Kelowna e Nova Escócia, na Colúmbia Britânica, um carro de luxo, um avião e um iate.