Fruto de uma parceria entre a Gerdau e a RHI Magnesita, a empresa brasileira Criptonomia construiu aquele que pode ser o maior projeto industrial de blockchain do mundo.
A solução, chamada de Refract Chain, foi divulgada pela Gerdau em sua página na última quinta-feira (24).
Ao permitir transmissão de dados com extrema segurança entre duas partes, a novidade chega para movimentar a indústria 4.0.
A Criptonomia, que é responsável pela arquitetura da aplicação, surgiu em Minas Gerais e foi criada pelos brasileiros Antônio Hoffert e Gleisson de Assis – ambos com mestrado em tecnologia.
Em conversa com o Livecoins, Antônio Hoffert contou que a empresa leva o mesmo nome de seu livro, Criptonomia, que pode ter sido decisivo para a implementação da novidade.
Refract Chain, o maior projeto blockchain aplicado na indústria
De acordo com o economista Antônio Hoffert, que estuda sobre blockchain desde 2016, a indústria poderá se beneficiar de inovações com a tecnologia no futuro. Essa realidade, inclusive, ganhou mais um episódio, com o lançamento recente da Refract Chain.
Parceria de duas gigantes corporações listadas na bolsa, Gerdau e RHI Magnesita, a aplicação desenvolvida pela Criptonomia chega para intermediar contratos entre as empresas.
Explicando mais sobre a novidade, Antônio contou que o projeto foi desenvolvido em um ano e meio com sigilo absoluto. Assim, foi construído um mecanismo de consenso entre duas indústrias com uso de contratos inteligentes.
A solução permite inúmeras vantagens para ambas empresas, como redução de riscos, erros humanos e melhoria de resolução de conflitos, que agora tem um árbitro definido pelo contrato inteligente, tornando o processo muito mais rápido e sem danos as partes.
Utilizando a blockchain pública Ethereum, o rastreio da procedência de recursos também é outra vantagem industrial da aplicação. Para um dos fundadores da Criptonomia, a plataforma Ethereum foi escolhida por ser a “rede que aceita contratos inteligentes com maior coeficiente Nakamoto, que é uma medida técnica para medir a descentralização de uma rede“.
Já em relação a segurança, a aplicação tem o que há de mais atual no mercado, funcionando de forma ininterrupta, sem risco de contrapartes.
“Não importa qual das partes hospeda o servidor, a confiança do contrato é garantida entre as empresas pelo próprio design da tecnologia.”
Como a Criptonomia chegou até a Gerdau e RHI Magnesita?
Além de entusiastas da tecnologia, os fundadores da Criptonomia são professores no IGTI de MBA em Aplicações Blockchain. Também são membros da comunidade Blockchain BH, onde puderam conhecer Ícaro Avelar, outro participante do grupo de estudos local sobre o tema.
Com a introdução de Ícaro, a Criptonomia foi apresentada ao CEO da RHI Magnesita e um diretor da empresa – ambos ganharam de presente o livro escrito por Hoffert. Após seis meses de leitura do material, tendo conhecido a tecnologia mais a fundo, eles assinaram um contrato para a criação da Refract Chain.
De acordo com Antônio, essa iniciativa é pioneira na indústria refratária mundial. Hoje a solução apresenta uma interface técnica, comercial e jurídica para contratos na indústria. No futuro, será também financeira, sendo até possível que empresas interessadas possam efetuar pagamentos com stablecoins.
Ao utilizar a nova ferramenta, empresas terão uma diminuição de riscos em seus contratos, melhorando assim até as suas margens de negociação e previsibilidade de processos.
Em conversa com o Livecoins, o cofundador da Criptonomia declarou que existe um plano de expansão global com exclusividade para o mercado refratário viabilizando que a Refract Chain seja aplicada em outras indústrias em breve.
Sucesso da startup brasileira com ferramenta blockchain já desperta interesse de outras empresas
Após anos de desenvolvimento e agora divulgada ao público, a Refract Chain já despertou interesse de outras indústrias. Antônio disse que empresas de vários setores já procuraram conhecer suas soluções com o lançamento da nova plataforma.
Neste ponto, o fundador da startup blockchain brasileira disse que tem como principal desafio levar a educação para que empresas conheçam mais sobre as vantagens da tecnologia. Segundo ele, em conversas com executivos da RHI Magnesita, eles sempre se demonstraram abertos a inovação, o que contribuiu com o sucesso da implementação.
No futuro, o desenvolvedor blockchain acredita que a tecnologia será embarcada em novas soluções, visto que usuários finais não precisam conhecer os conceitos técnicos.
“Usuários veem apenas uma interface web, visto que a tecnologia já está madura para ser embarcada.”
Preparado para atender a nova demanda por aplicações blockchain, Antônio deixou claro que sua empresa “é de execução, não de power point“, devendo ajudar novas soluções a surgir no mercado mundial da indústria.
Sobre sua experiência com a criação da Refract Chain, Hoffert disse que tudo foi incrível.
“Foi incrível, no ramo siderúrgico os gestores são muito tradicionais, e mesmo eles, que são de alta performance, se abrem para a adoção da tecnologia. Para mim, foi uma realização pessoal ver a blockchain resolvendo um problema de estratégia critica.”