Nos últimos anos o Bitcoin passou por uma grande valorização, mas o movimento não foi de alta infinita como alguns deixam transparecer. De acordo com um executivo brasileiro, quando o rendimento com Bitcoin é garantido, trata-se de um golpe certo.
O Bitcoin é uma moeda digital, criada por Satoshi Nakamoto, muito utilizada para transferências entre países hoje. Com uma grande procura pela tecnologia, a moeda teve uma valorização gigantesca nos últimos anos.
Para entender mais sobre o assunto, o Livecoins conversou com o COO da BitcoinTrade, Daniel Coquieri, uma das maiores corretoras de criptomoedas com atuação no Brasil. Leia abaixo nossa conversa na íntegra:
Livecoins – O que é o Bitcoin para você?
Daniel Coquieri – O Bitcoin é a primeira moeda digital descentralizada, ou seja, não tem um órgão regulador, criada em 2008, pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto, que representa uma pessoa ou grupo anônimo. O criptoativo permite transações financeiras, sem intermediários que são gravadas em um banco de dados, chamado blockchain. É uma criptomoeda segura, que desde sua criação vem em uma crescente valorização.
Conheci o mercado de criptomoedas, em maio de 2017, através de um amigo, que me contou sobre a alta diferença de preço do Bitcoin nos Estados Unidos e no Brasil. Por conta da quantidade baixa de vendedores e alta de compradores, poderíamos vender o Bitcoin 20% mais caro no Brasil. Então, este foi meu primeiro contato com o mercado, com as corretoras que tinham no Brasil e naquele momento enxergamos uma oportunidade de criar um produto mais focado em segurança. Então, montei a corretora ao lado do Carlos André Montenegro, Jorn Filho e Fábio Santos em outubro do mesmo ano.
Resolvemos empreender no mercado das criptomoedas, já que em 2017 enxergarmos a crescente evolução e popularização do mercado de moedas digitais no mundo e da oportunidade de levar ao país uma plataforma inovadora, segura e profissional.
Um dos maiores desafios, com certeza, é a segurança que a corretora precisa ter por custodiar o dinheiro dos seus clientes. Assim como o investidor, o sistema da corretora também está sujeito a hackers, mas a BitcoinTrade se preocupa muito com isso e deposita a maior parte dos seus recursos, em constantes melhorias da tecnologia e de segurança para a plataforma.
Livecoins – Qual a sua maior experiência com Bitcoin até hoje?
Daniel Coquieri – Minha maior experiência com Bitcoin até o momento foi transferir um valor em R$ do Brasil para minha conta nos EUA em questão de minutos, mais barato e rápido do que qualquer outro serviço financeiro tradicional.
O potencial que as criptomoedas entregam para realizar transações ao redor do globo é hoje, sem dúvidas, sua maior aplicação no dia a dia até o momento.
Livecoins – Como você tem visto a valorização do Bitcoin nos últimos anos, como explica esse movimento de mercado?
Daniel Coquieri – Na minha opinião, a valorização do Bitcoin nos últimos anos se deve principalmente, à popularização do setor e ao aumento do conhecimento no mercado das criptomoedas, o que gera mais confiança no investidor.
Além disso, os criptoativos têm mostrado que não sofrem tanto com os impactos das decisões dos governos e das economias mundiais, e quando sentem um pouco, como no caso do início da pandemia do coronavírus, possuem uma recuperação mais rápida que qualquer moeda fiduciária, tornando-se também uma ótima opção de investimento.
Temos claramente um efeito no preço do Bitcoin que é um aumento de demanda com o passar do tempo, cada vez mais acessível, cada vez mais conhecido e com regulamentações acontecendo em diversos países, o que ajuda na popularização e segurança para investir no criptomoeda.
Por outro lado, temos a cada 4 anos um corte da oferta, uma moeda deflacionária, que também auxilia na precificação. Essa combinação, no meu ponto de vista, continuará forçando a novos níveis o preço do Bitcoin.
Livecoins – Dito isso, como você vê a associação do Bitcoin com esquemas suspeitos e que oferecem um rendimento garantido, normalmente oferecidos por empresas para investidores, com programas de afiliados e garantias de retorno certos?
Daniel Coquieri – Sabemos que estas promessas de rendimentos fixos são golpes. O mercado das criptomoedas possui uma alta volatilidade e essa variação cambial se dá pela lei de oferta e procura da negociação das moedas.
Com isso, não há como prever o rendimento. Qualquer oferta de rendimento garantido utilizando criptomoedas (ou Bitcoin), é golpe e deve ser evitado.
Livecoins – Como você vê a afirmação que diz que o “Bitcoin é uma pirâmide financeira”?
Daniel Coquieri – É importante esclarecer que em um esquema de pirâmide, não há nenhum ativo envolvido e o dinheiro se acumula de acordo com a entrada de novos membros, que sustentam os ganhos dos mais antigos.
O Bitcoin funciona em uma lógica bem diferente. Trata-se de uma moeda virtual, com estoque finito com cotação altamente volátil, e que pode ser comprada e vendida, do mesmo modo que outras moedas no mundo.
Ao contrário de muitas pirâmides onde o usuário não tem acesso a seus ativos, o Bitcoin é o oposto, você pode comprar Bitcoin e transferir para sua carteira pessoal e ter 100% de acesso e custódia do seu ativo.
Novamente, promessas de rendimento garantido e desproporcionais a lógica do Bitcoin devem ser evitadas, pois, sabemos que isto não existe e é apenas mais uma forma de aplicar golpe e conseguir atrair atenção dos usuários.
Livecoins – Quais os golpes com criptomoedas que você acredita serem mais comuns hoje, e como se defender deles?
Daniel Coquieri – Os golpes mais comuns são as pirâmides, phishing e promessas de alta valorização da moeda com baixo custo de investimento. Para se proteger, há alguns aspectos que podem ser levados em conta e detalhes que, se o investidor prestar atenção, conseguem fugir desses golpes, como o e-mail de origem e o fato de que as exchanges não costumam pedir dados pessoais por mensagem. Outro ponto como relatado, anteriormente, são rendimentos garantidos, isso não existe neste mercado.
Livecoins – Qual a diferença do Bitcoin para moedas fiduciárias? Como você o vê o tema da regulamentação da moeda digital no Brasil e no mundo? É importante para prevenção de golpes ou não?
Daniel Coquieri – O Bitcoin é, basicamente, dinheiro no cenário digital, enquanto as moedas fiduciárias são as formas tradicionais que conhecemos como cédulas de dinheiro, cheques, cartões de crédito. A principal diferença entre eles é a descentralização, ou seja, as criptomoedas não estão vinculadas a um órgão ou governo, como as moedas tradicionais, tais como dólar, euro, real.
Sendo assim, o impacto das decisões governamentais e econômicas pouco afetam a volatilidade do criptoativo. Cenário bem diferente quando falamos das moedas fiduciárias que estão atreladas, diretamente, ao cenário econômico mundial.
Fora do Brasil a discussão sobre a regulamentação do mercado já está mais avançada e mostra-se, extremamente, necessária. Ter as operações mais às claras, é um aspecto que pode ajudar na credibilidade do setor e trazer mais segurança, tanto para investidores, quanto para as empresas, levando em consideração que muitos ainda agem de forma inapropriada, o que impacta na imagem de todo o segmento.
Alguns países adotaram medidas radicais e as incluíram no hall da ilegalidade, tais como Bangladesh, Afeganistão, Bolívia e Equador. Entretanto, muitos outros tentam entender qual é a melhor forma de regulamentar, já que de certa forma, fogem do alcance do governo.
O fato é que esse mercado está crescendo demais para não ser visto com cuidado por autoridades. E, com certeza, a regularização é muito importante para o mercado, a segurança do investidor e das corretoras, que também sofrem com hackers.
Livecoins – Quais os planos da BitcoinTrade para combater a imagem de que as “criptomoedas são golpes”?
Daniel Coquieri – O primeiro ponto que é muito importante falar é que a corretora tem um investimento pesado em segurança tecnológica, não só para o investidor se sentir seguro, como para a corretora, que está custodiando mais de 250 milhões de reais em investimentos em criptomoedas.
Além disso, investimos em educação, apoiando projetos educacionais como o da Escola Cripto para levar a informação correta aos usuários. Atualmente, existem muitos conteúdos interessantes para estudar e aprender de um jeito muito fácil sobre o funcionamento do mercado e, principalmente, sobre como evitar cair em golpes.